Saúde

Três transtornos alimentares mais comuns e seus sinais de alerta

Os transtornos alimentares mais comuns são bulimia nervosa, anorexia nervosa e Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)

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Transtornos alimentares
Reprodução/Freepik

Autoimagem distorcida, vergonha dos seus próprios hábitos alimentares e medo de ser julgada, todos eles são sentimentos compartilhados entre pessoas que desenvolvem transtornos alimentares.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde de 2023, cerca de 9% da população mundial são afetados por diferentes tipos de distúrbios da alimentação.

O dia 2 de junho é marcado como Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares, um grave problema de saúde mental caracterizado por comportamentos alimentares disfuncionais e uma relação distorcida com o corpo e a comida.

O que causa os transtornos alimentares

Redes sociais e transtornos alimentares
As redes sociais podem estar ligadas ao diagnóstico de transtornos alimentares (Reprodução/Freepik)

As causas dos transtornos alimentares podem ser diversas, entre elas a genética, traumas psicológicos ou a pressão dos padrões sociais.

Segundo Talita Bonatto, nutricionista do Hospital São José, não há dúvidas de que a balança e o espelho tenham impacto na doença.

A distorção da imagem corporal é um dos pilares dos transtornos alimentares. Muitas pessoas se enxergam acima do peso, mesmo estando com baixo IMC, por exemplo. A balança pode ser um gatilho para obsessão e reforçar comportamentos restritivos, principalmente em pessoas com baixa autoestima e maior exposição à pressão estética, como nas redes sociais.

As redes sociais também podem colaborar para o desenvolvimento dos transtornos. A constante exposição a imagens de corpos editados promovem ideais de beleza irrealistas e padrões corporais muitas vezes inatingíveis.

Karen de Vasconcelos, psiquiatra, professora e pesquisadora do Unesc, reforça que a necessidade de se encaixar nos padrões é um dos gatinhos mais comuns entre os pacientes.

“A pressão social para se encaixar em padrões estéticos muitas vezes resulta em dietas extremas, restrições alimentares e comportamentos autodestrutivos”, completou.

Quem pode desenvolver transtornos alimentares

Apesar de qualquer pessoa estar suscetível a desenvolver transtornos alimentares, a psiquiatra enfatiza que crianças e adolescentes estão entre os públicos mais vulneráveis a desenvolver essas questões.

“Os transtornos alimentares geralmente apresentam suas primeiras manifestações na infância e na adolescência, idade em que são particularmente vulneráveis a essa pressão estética, pois estão em estágios críticos de desenvolvimento físico e emocional. A influência de pares, da mídia e das redes sociais pode ser determinante na formação de sua autoimagem e autoestima”, explicou.

A nutricionista Talita Bonatto acrescentou que, de acordo com uma pesquisa realizada em 2023, 91% das jovens entre 14 e 24 anos relataram insatisfação com o corpo por influência de mídias sociais.

Os 3 transtornos alimentares mais comuns

Os transtornos alimentares são mais comuns do que pensamos e diversos famosos como Taylor Swift, Bruna Marquezine, Princesa Diana e Zayn Malik, já compartilharam seus diagnósticos. Os tipos mais comuns de transtornos, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, são:

Anorexia nervosa

Consiste numa restrição severa e medo intenso de ganhar peso, com o paciente se recusando em manter um peso corporal saudável e tendo uma percepção irreal da imagem corporal.

Sasha e Camila Mendes são exemplos de artistas que compartilharam suas experiências com a doença.

Bulimia nervosa

Episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios como vômitos ou uso de laxantes. Devido ao ciclo prejudicial, a bulimia pode levar a problemas gastrointestinais, desidratação e dificuldades cardíacas resultantes de um desequilíbrio eletrolítico.

A Princesa de Gales, Diana, foi diagnosticada com o transtorno e segundo entrevista concedida por ela em 1995, levou 10 anos para superar a doença.

Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)

Episódios recorrentes de ingestão exagerada de alimentos sem comportamentos compensatórios. Neste caso, não há ações compensatórias após os episódios de compulsão, o que leva muitos pacientes à obesidade e com maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares.

Dados da Organização Mundial da Saúde de 2023 mostram que os transtornos alimentares afetam cerca de 9% da população mundial. O TCAP é o mais prevalente, representando aproximadamente 47% dos casos, seguido pela bulimia (22%) e anorexia (8%).

Sinais de alerta

Alguns sinais podem identificar que a pessoa está desenvolvendo transtornos alimentares. A nutricionista destaca:

  • Perda ou ganho de peso abrupto e sem explicação clínica;
  • Preocupação constante com calorias, dietas ou “alimentos proibidos”;
  • Idas frequentes ao banheiro após as refeições;
  • Evitar comer em locais públicos;
  • Uso de roupas largas para esconder o corpo;
  • Alterações no humor;
  • Ansiedade e isolamento social;
  • Comportamentos compensatórios, como exercício excessivo, vômito ou jejum prolongado.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico e deve ser conduzido, principalmente, por psicólogos e psiquiatras, com base em critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Já o tratamento é multidisciplinar e deve incluir: psicólogo ou psicoterapeuta para trabalhar as causas emocionais e cognitivas; nutricionista para reeducação alimentar sem reforçar a restrição; psiquiatra para quando houver a necessidade de medicação; médico clínico para monitorar possíveis complicações clínicas.

As profissionais também enfatizam a necessidade do apoio familiar durante o tratamento. Além disso, apesar de ser possível a recuperação completa, é importante evitar julgamentos, principalmente, em casos onde há recaídas.

“É um processo longo, individualizado e pode durar anos. A média de tratamento varia de seis meses a cinco anos, dependendo da gravidade, do transtorno e da adesão à terapia. Em alguns casos, mesmo após a estabilização, o acompanhamento deve continuar para evitar recaídas”, disse Talita Bonatto.