Saúde

Pesquisa capixaba analisa risco de surdez em bebês expostos ao Zika Vírus

Estudo reconhecido nacionalmente em Congresso de Pediatria foi realizado por professores e alunos de Residência da Universidade Vila Velha (UVV)

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Foto: Agência Brasil

Estudos realizados na UVV com crianças expostas ao Zika Vírus, analisam a relação entre problemas auditivos e o contato com a doença ainda no útero. Professores e residentes de Pediatria acompanharam o desenvolvimento da audição em 22 bebês expostos à doença durante a gestação ao longo de 3 anos. A idade dos pacientes variou entre 2 meses e 2 anos e 7 meses.

O interesse pelo assunto veio da falta de informações sobre os efeitos do Zika após a infecção congênita, conforme explica a professora e coordenadora da pesquisa, Maria Bernadeth de Sá Freitas. “O interesse em pesquisar a situação auditiva deste grupo é importante porque temos poucos estudos relacionados aos efeitos do Zika no embrião e no feto. O objetivo é o avanço no entendimento das consequências causadas pela exposição ao vírus. Estas crianças precisam ser acompanhadas não só para sabermos a prevalência real da perda auditiva em crianças com Zika congênita assim como também o tipo de perda; se é assimétrica e progressiva e portanto pode ser perdida na triagem do recém nascido.”

As consultas se deram por meio de um exame que já é rotina para crianças em seus primeiros dias de vida, o Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico. Também conhecido como PEATE, ele averigua a formação de toda a via neural responsável pela audição, desde a orelha interna até o tronco cerebral. É por meio deste procedimento que se identificam eventuais anomalias auditivas.

“Nós já realizávamos exames de integridade auditiva na Clínica de Fonoaudiologia, onde também funciona o Serviço de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde. A partir de 2016, a Secretaria Estadual de Saúde, da qual somos associados, solicitou prioridade em atendimento a crianças com infecção congênita do Zika. Isso propiciou análises mais aprofundadas nos laboratórios da universidade. As crianças deverão continuar sendo avaliadas até os seis anos de idade”, esclarece a professora Maria Bernadeth.

Foto: Divulgação

Resultados

Os resultados da pesquisa revelam que a ocorrência de perda auditiva em crianças expostas ao Zika pode estar relacionada a efeitos da microcefalia grave, e não diretamente ao vírus, ainda que a microcefalia seja um efeito da infecção do Zika durante a gestação. Vinte e uma crianças apresentaram PEATE considerado normal. O outro paciente, portador de microcefalia, apresentou perda auditiva moderada.

A conclusão se deu após associação dos exames realizados pela Universidade Vila Velha a estudos similares desenvolvidos por outras instituições de ensino e pesquisa. Porém, entende-se que continuam necessárias informações adicionais para que se relacionem a exposição ao Zika no útero materno ao comprometimento auditivo do feto.