O uso de celular e redes sociais piora a ansiedade dos nossos filhos? O uso de celular e redes sociais piora a ansiedade dos nossos filhos? O uso de celular e redes sociais piora a ansiedade dos nossos filhos? O uso de celular e redes sociais piora a ansiedade dos nossos filhos?
Relação entre uso do celular e crianças com ansiedade
Reprodução/Freepik

Se você já teve que “arrancar” um celular ou tablet da mão do seu filho, provavelmente percebeu a irritação, a choradeira ou até mesmo uma crise. Não é só birra — existe uma explicação neurológica por trás disso.

As telas, especialmente as redes sociais e jogos digitais, provocam no cérebro da criança (e também no nosso!) uma descarga intensa de dopamina, o neurotransmissor do prazer e da motivação.

Liberação de dopamina é 10x maior durante uso de telas

Para você ter uma ideia, estudos mostram que a liberação de dopamina durante o uso de telas pode ser até 10 vezes maior do que ao observar uma paisagem bonita. Parece ótimo, né? Mas tem um porém: esse prazer é artificial e ageiro.

Quando tiramos a tela, essa produção despenca — e o cérebro entra em “modo pânico”, como quem sente abstinência. É nesse momento que surgem comportamentos como irritabilidade, tédio extremo e ansiedade.

Impactos do uso de telas

Além disso, o uso excessivo de telas pode elevar os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e inibir a produção de melatonina, essencial para um sono saudável. Ou seja, à noite, quando o organismo deveria começar a desacelerar, o uso de celulares, tablets e TVs faz o oposto: agita, estressa e atrapalha o sono.

Resultado? Crianças mais ansiosas, estressadas e mal-humoradas no dia seguinte.

Mas então, é hora de declarar guerra às telas? Calma, não é necessário banir. O que propomos aqui é um uso consciente, intencional e saudável. Como pais, podemos (e devemos) ajudar nossos filhos a desenvolver uma relação equilibrada com a tecnologia.

Algumas sugestões práticas

  1. Estabeleça limites de tempo e horários fixos: para o uso de telas. Preferencialmente, evite o uso à noite e crie uma rotina previsível: por exemplo, 30 minutos após o dever de casa e antes do jantar.
  2. Avise com antecedência quando o tempo estiver acabando: crianças pequenas precisam de previsibilidade para se regularem emocionalmente. Diga algo como: “Faltam 5 minutos, tá bom?” — e repita esse aviso duas ou três vezes. Isso ajuda a transição ser mais suave.
  3. Ofereça alternativas offline prazerosas: brincar ao ar livre, jogos de tabuleiro, desenhos, leitura, culinária em família. Mostrar que o prazer também existe fora das telas é essencial.
  4. Converse sobre como elas se sentem: após usar as redes ou assistir a certos conteúdos. Estimular esse autoconhecimento ajuda a criança a perceber os efeitos emocionais do uso excessivo.
  5. Seja exemplo: as crianças observam muito mais do que ouvimos. Se queremos que desconectem, precisamos mostrar que também conseguimos fazer isso.

No fim das contas, a ansiedade infantil não se trata apenas do que acontece fora.

Muitas vezes, está diretamente ligada ao que acontece dentro da telinha. E com pequenas mudanças na rotina e no diálogo, podemos ajudar nossos filhos a usarem a tecnologia de forma mais leve, saudável e, principalmente, humana.

Psi. Renata Bedran

Colunista

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran