
*Artigo escrito por Nicolas Souza, cirurgião bucomaxilofacial
Lesões faciais são comuns em esportes de contato como futebol, boxe, rúgbi e artes marciais. Recentemente, o jogador Agustín Canobbio, do Fluminense, reacendeu esse alerta ao sofrer um trauma no osso zigomático durante uma partida da Copa Sul-Americana.
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O atleta precisou ar por cirurgia para correção da fratura, destacando a importância da abordagem rápida e especializada nesses casos.
O que é o osso zigomático e por que é tão vulnerável?
O osso zigomático, também conhecido como osso malar, é a estrutura que forma a parte lateral da face, contribuindo para o contorno das bochechas, a borda inferior da órbita ocular e parte da parede lateral do crânio. Além de seu papel estético, esse osso é essencial para:
- Proteger o globo ocular;
- Servir de ponto de apoio para a musculatura da mastigação;
- Manter o alinhamento e a proporção facial.
Por ser uma região exposta e proeminente, é uma das mais afetadas por impactos diretos.
Quando a cirurgia é necessária?
Nem toda fratura zigomática requer intervenção cirúrgica. Porém, a cirurgia é indicada quando há:
- Desvio ou afundamento ósseo que compromete a harmonia facial;
- Risco à função ocular, como visão dupla ou alteração no movimento do olho;
- Limitação na abertura ou movimentação da mandíbula;
- Fraturas cominutivas (em vários fragmentos) ou com envolvimento de múltiplos pontos de articulação com outros ossos da face, como maxila, frontal ou temporal.
Diagnóstico preciso com apoio da imagem
Para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da fratura, são indispensáveis exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC), que permite visualizar com clareza o grau de desvio, a integridade orbital e o envolvimento de outras estruturas faciais.
Como é feita a cirurgia?
A cirurgia é realizada sob anestesia geral por um cirurgião bucomaxilofacial, especialista em traumas faciais. O procedimento envolve o reposicionamento anatômico do osso fraturado e sua fixação com miniplacas e parafusos de titânio, garantindo estabilidade e simetria.
A alta hospitalar costuma ocorrer no dia seguinte ao procedimento, e o tempo médio de recuperação gira entre 3 e 6 semanas, variando conforme o caso.
Retorno ao esporte e cuidados pós-operatórios
O retorno à prática esportiva deve ser gradual, com uso obrigatório de máscaras de proteção facial nos primeiros jogos, a fim de evitar novos traumas na área em processo de consolidação óssea.
Além disso, o acompanhamento pós-operatório é essencial para:
- Verificar a evolução da cicatrização óssea;
- Avaliar a função muscular da mastigação;
- Monitorar possíveis alterações na sensibilidade da face, que podem ocorrer temporariamente após o trauma.
Diagnóstico precoce é essencial
O trauma zigomático exige uma avaliação criteriosa e abordagem cirúrgica precisa nos casos indicados. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado não apenas restauram a estética facial, mas também preservam funções fundamentais, como a visão e a mastigação.