Política

Teotônio montou organização criminosa em Alagoas, afirma procuradora

O tucano foi alvo de mandado de busca e apreensão, na Operação Caribdis, que investiga suposto fraude em licitação

Teotônio montou organização criminosa em Alagoas, afirma procuradora Teotônio montou organização criminosa em Alagoas, afirma procuradora Teotônio montou organização criminosa em Alagoas, afirma procuradora Teotônio montou organização criminosa em Alagoas, afirma procuradora
Teotônio montou organização criminosa em Alagoas, afirma procuradora

A procuradora Renata Baptista afirma que o ex-governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho (PSDB) “montou uma organização criminosa”. O tucano foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira, 30, na Operação Caribdis, que investiga suposta fraude em licitação de R$ 33 milhões para obras do Canal do Sertão alagoano, entre 2009 e 2014.

Teotônio comandou o governo de Alagoas por dois mandatos (2007-2014), foi senador pelo Estado por três mandatos consecutivos, presidente nacional do PSDB e presidente do Comitê Estadual do partido.

“Teotônio, na qualidade de Governador do Estado de Alagoas, exercia o comando da organização criminosa. Neste sentido, buscou, inicialmente, não só se cercar de familiares para intermediar as práticas delitivas, como também, e principalmente, nomear pessoas de sua inteira confiança para cargos estratégicos – no caso em análise, para a pasta de infraestrutura do Governo do Estado, a fim de possibilitar negociatas envolvendo os recursos públicos por ela istrados”, afirmou a procuradora ao pedir a prisão preventiva de Teotônio. A Justiça negou a custódia.

Renata Baptista anotou ainda. “Depois de infiltrar seus comparsas na istração do Estado, ratificou rotineiramente sua posição de comando, dividindo e dirigindo, por vezes direta, por vezes indiretamente, as atividades dos demais, bem como dando a palavra final sobre o destino dos acertos ilícitos, seja para chancelá-los, seja para rechaçá-los. Na condição de líder da organização criminosa, revelou-se ainda o maior beneficiário das quantias obtidas a título de propina.”

Além do ex-governador, são investigados o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Antonio Fireman (ex-secretário Estadual de Infraestrutura de Alagoas), Fernando José Carvalho Nunes (ex-secretário Estadual Adjunto de Infraestrutura de Alagoas), Carlos Alberto Quintella Jucá (o Beto Jucá, ex-assessor especial de Teotônio) e Elias Brandão Vilela Neto (irmão do ex-governador).

“Ele (Teotônio Vilela Filho) montou com caráter estável e permanente uma organização criminosa composta pela cúpula da secretaria estadual de infraestrutura, que era braço direito dele, era um secretário que assumiu praticamente com ele, ficou todo o tempo com ele na gestão, que é o Marco Fireman”, afirmou a procuradora.

De acordo com ela, Elias Vilela era “o suposto homem forte” de Teotônio. “A função do assessor Beto Jucá era blindar a figura do ex-governador nesses momentos de cobrança de propina”, disse.

Renata Baptista declarou que houve direcionamento da licitação de dois lotes do Canal do Sertão alagoano e que as empresas fizeram o projeto básico. “Elas moldaram tudo desde da obra em si até as quantidades que desejavam de cada serviço e isso gerou um superfaturamento nesses dois trechos da ordem de R$ 70 milhões, fora os demais trechos”, afirmou.

Fireman seria o “Fantasma” da planilha de propinas da Odebrecht, segundo revelou um dos executivos da empreiteira que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O delator, Alexandre Biselli, citou Téo “Bobão”, como o ex-governador era identificado na contabilidade do famoso Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Biselli contou que se reuniu com o então secretário de Infraestrutura do governo alagoano, Marco Antonio Fireman, em 2014, para ajustar os detalhes de rees a Téo “Bobão” que somaram quantia superior a R$ 2 milhões.

O delator disse que Téo “Bobão” ficou “uns vinte minutos fora” da reunião e, nessa hora, “Fantasma” o teria abordado sobre dinheiro para a campanha daquele ano. Ainda segundo Biselli, “Fantasma” ameaçou tirar contrato da Odebrecht.

Defesa

“O ex-governador Teotônio Vilela Filho tem consciência de que não praticou nenhum crime e que a verdade será restabelecida”, diz nota das assessoria do tucano.

“Em coerência com a sua história de vida pessoal e política, o ex-governador assegura ser o maior interessado na elucidação dessas investigações e que continuará à disposição das autoridades, contribuindo no que for preciso”, finaliza o texto.

O Ministério da Saúde de Alagoas também se manifestou. “Agentes da Polícia Federal cumpriram nesta quinta-feira (30) mandado de busca referente a operação Caribdis, de Alagoas, que apura suspeita de irregularidade em obras dos lotes de números 3 e 4 das obras do Canal do Sertão, ambos licitados pelo governo daquele Estado”.

“Os policiais estiveram no gabinete do secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Marco Fireman, então secretário de Infraestrutura do Estado. Não foram levados documentos ao final da busca e o secretário está à disposição da PF para prestar todos os esclarecimentos.”