Política

Paridade de gênero no Judiciário será votada nesta terça no CNJ

Caso a iniciativa seja aprovada, a primeira vaga aberta em janeiro de 2024 deverá ser ocupada por um magistrado de gênero diferente do último promovida ao cargo

Paridade de gênero no Judiciário será votada nesta terça no CNJ Paridade de gênero no Judiciário será votada nesta terça no CNJ Paridade de gênero no Judiciário será votada nesta terça no CNJ Paridade de gênero no Judiciário será votada nesta terça no CNJ
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vota nesta terça-feira (19), uma proposta que defende a paridade de gênero nos tribunais de todo o país. A votação foi posta em pauta pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, que se aposenta nos próximos dias, e ocorre em meio a debates sobre a indicação de uma mulher para sucedê-la na Corte, ocupada majoritariamente por homens.

A proposta votada no CNJ neste dia 19 é de relatoria da conselheira Salise Sanchotene e defende o estabelecimento de uma alternância entre mulheres e homens de acordo com a abertura de vagas para magistrados de carreira na segunda instância, acompanhando também critério de antiguidade e merecimento. 

Isso significa que, caso a iniciativa seja aprovada, a primeira vaga aberta em janeiro de 2024 deverá ser ocupada por um magistrado de gênero diferente do último promovida ao cargo.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade de Política no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Prevê-se também que a regra seja transitória e permaneça até que o Judiciário alcance paridade de gênero, com uma proporção entre 40% e 60%.

Em abril deste ano, outra resolução aprovada pelo CNJ já havia dado um o nesse caminho, exigindo a paridade de gênero nas bancas e comissões examinadoras em concursos para magistratura.

O anuário Justiça em Números 2023 do CNJ, publicado no dia 1º de setembro, mostra que a média total dos órgãos do Judiciário tem 38% de magistradas. Quando se olha para a segunda instância (Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunais Regionais Federais) esse número cai para 25%. Algumas Cortes não têm mulheres.

Sucessão de Rosa Weber no STF

Apesar de não incidir sobre as vagas do STF, a proposta em discussão no CNJ é visto como mais uma pressão a favor de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique uma mulher para suceder Rosa Weber no Supremo depois de sua aposentadoria, no fim de setembro. 

Entre os 11 magistrados que ocupam a Corte, há nove homens e apenas duas mulheres, Rosa e Carmen Lúcia.

>>LEIA TAMBÉM: Deputado quer transformar clube de tiro em instituição de utilidade pública: “Faz filantropia”

Historicamente, a disparidade é ainda maior. Em 132 anos de existência, o STF teve 171 ministros, mas só três mulheres: Rosa, Carmén Lúcia e Ellen Gracie, que foi indicada em 2000 por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e aposentou-se em 2011.

Como mostrado pelo Estadão, o STF pode ‘voltar no tempo’ caso Lula indique um homem para vaga da ministra Rosa Weber. Isso porque voltaria a ter apenas uma mulher ministra, como foi entre 2000 e 2006, antes da posse de Cármen Lúcia.

A pressão sobre Lula prioriza ainda a indicação de uma mulher negra, favorecendo uma menor disparidade tanto de gênero quanto de raça. Nunca houve uma mulher negra na Corte e hoje todos os ministros são brancos.

Atualmente, no entanto, são apontados como fortes candidatos o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas; o Advogado Geral da União (AGU), Jorge Messias, e o ministro da Justiça, Flávio Dino. Todos homens.