Política

'Quebra de patentes (de vacinas) não parece ser caminho mais eficaz', diz França

Respondendo a perguntas sobre o tema depois de sua fala inicial, o chanceler acrescentou que não há intenção de apoiar a iniciativa encabeçada pela Índia e a África do Sul porque pode "não ser o remédio"

‘Quebra de patentes (de vacinas) não parece ser caminho mais eficaz’, diz França ‘Quebra de patentes (de vacinas) não parece ser caminho mais eficaz’, diz França ‘Quebra de patentes (de vacinas) não parece ser caminho mais eficaz’, diz França ‘Quebra de patentes (de vacinas) não parece ser caminho mais eficaz’, diz França
Foto: Reprodução / Twitter

Em assunto que é quente para o Congresso Nacional, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto de Franco França, avaliou nesta quinta-feira (28) a deputados que a quebra de patentes de vacinas contra a covid-19 – que equivale ao licenciamento compulsório – “não parece ser caminho mais eficaz”, ainda que haja defensores dessa alternativa em Genebra.

Os motivos para essa postura do Brasil, de acordo com o chanceler, são muitos, e começam com a constatação de que a moratória não se limitaria a patentes farmacêuticas. “A rigor, não se limitaria sequer a patentes em geral. Abrangeria a globalidade dos direitos de propriedade intelectual relacionados à resposta à pandemia por tempo indeterminado”, disse durante participação na reunião extraordinária da comissão de relações exteriores e defesa nacional da Câmara dos Deputados convocada para tratar das prioridades do MRE para 2021 e outros temas atuais da política externa brasileira.

Respondendo a perguntas sobre o tema depois de sua fala inicial, o chanceler acrescentou que não há intenção de apoiar a iniciativa encabeçada pela Índia e a África do Sul porque pode “não ser o remédio”. A melhor forma, de acordo com ele é encontrar uma “terceira via” que aumente a produção das vacinas onde for possível. “Onde houver ociosidade, podemos capacitar produção”, cogitou.

O mais importante, de acordo com ele, é que o grande gargalo hoje, para o o a vacinas, são os limites materiais da capacidade de produção e questões ligadas à complexidade das cadeias de abastecimento. “Os especialistas afirmam que vacinas são virtualmente impossíveis de copiar, a curto ou médio prazo, sem o apoio dos laboratórios que as desenvolveram, mesmo com o auxílio da patente. Os países de menor desenvolvimento relativo já contam com uma moratória aplicável a todo tipo de propriedade intelectual e nem por isso, infelizmente, têm conseguido assegurar suprimentos”, argumentou.

O ministro lembrou que o Acordo TRIPS da Organização Mundial do Comércio (OMC), sobre direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio, e a própria lei brasileira já permitem o licenciamento compulsório de patentes sem qualquer ruptura com os compromissos internacionais do País.

Aos deputados, o ministro também falou sobre a questão da pandemia em relação aos vizinhos. Ele disse que, na América do Sul, o País tem procurado manter as fronteiras abertas, respeitando as decisões soberanas de cada país em matéria sanitária. “O tom que queremos imprimir é o da cooperação”, afirmou. “Estamos intensificando e melhor articulando, em distintos planos, as ações da nossa diplomacia da saúde”, acrescentou.

França comentou ainda que, diante da pandemia, o Brasil tem participado de movimentos multilaterais em favor do o a vacinas e tratamentos seguros, eficazes e de alta qualidade. Citou que a adesão do País à Covax Facility garantirá ao Brasil 42,5 milhões de doses, o equivalente a 10% da população.