Política

Ernesto Araújo acusa Bolsonaro de espalhar 'desinformação russa'

Ex-chanceler disse que a posição de suposta "neutralidade" defendida pelo presidente transmite, na verdade, uma preferência pelo país de Vladimir Putin

Ernesto Araújo acusa Bolsonaro de espalhar ‘desinformação russa’ Ernesto Araújo acusa Bolsonaro de espalhar ‘desinformação russa’ Ernesto Araújo acusa Bolsonaro de espalhar ‘desinformação russa’ Ernesto Araújo acusa Bolsonaro de espalhar ‘desinformação russa’
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O ex-chanceler Ernesto Araújo fez críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante da guerra na Ucrânia e afirmou que o mandatário está reproduzindo “desinformação russa” em suas falas. 

Em vídeo publicado nesta terça-feira, 1º, em seu canal no YouTube, o ex-ministro das Relações Exteriores disse que a posição de suposta “neutralidade” defendida pelo chefe do Executivo transmite, na verdade, uma preferência pelo país de Vladimir Putin.

“Me parece que a posição correta do Brasil, compatível com nossos valores morais e interesses materiais, seria um apoio à Ucrânia, junto com as grandes democracias ocidentais”, afirmou Araújo. 

O ex-chanceler também criticou a visita de Bolsonaro à Rússia no momento em que a tensão entre os países europeus já estava em escalada, o que, segundo o ex-ministro, contradiz a posição neutra que o presidente diz defender.

Araújo argumentou que Bolsonaro validou a narrativa russa ao se referir a Volodmir Zelenski, presidente do país invadido, como “comediante”. 

“A ilação que o presidente está fazendo é que o povo ucraniano entregou o seu destino a alguém que não tinha capacidade de conduzi-lo e agora está sofrendo as consequências disso. Isso é pura propaganda russa”, disse Araújo, acrescentando não considerar demérito o fato de o líder ucraniano ser um ex-comediante.

Antigo aliado de Bolsonaro, o ex-chanceler tem feito críticas constantes ao chefe do Executivo. Recentemente, Araújo acusou o mandatário de estar favorecendo uma política “pró-China” por meio de sua aliança com o Centrão. Segundo ele, o bloco teria ado a pautar a gestão federal conforme os interesses do país asiático.

As críticas de Araújo ecoam um racha na base de apoiadores do governo sobre como o Brasil deve se posicionar perante a invasão da Ucrânia. Como mostrou o Estadão, o conflito movimentou diferentes campos da política brasileira e expôs, curiosamente, posicionamentos confluentes entre parte dos aliados de Bolsonaro e grupos de oposição, principalmente na defesa de Vladimir Putin. 

Outra fatia dos bolsonaristas, à qual se encaixa Araújo, optou por condenar a ofensiva russa e defender o país atacado, evidenciando uma divisão na bolha ideológica do entorno do presidente.

Liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (Patriota-RJ), uma ala dos defensores do governo tem usado o confronto para enaltecer o ex-presidente americano Donald Trump.