Davi Esmael vai entrar na Justiça para sair do PSD Davi Esmael vai entrar na Justiça para sair do PSD Davi Esmael vai entrar na Justiça para sair do PSD Davi Esmael vai entrar na Justiça para sair do PSD
Davi Esmael / crédito: Câmara de Vitória
Davi Esmael / crédito: Câmara de Vitória

O vereador de Vitória Davi Esmael está de malas prontas para deixar o PSD, sigla na qual está filiado desde 2020, quando foi eleito vereador pela terceira vez. O destino de Davi será o PL. O vereador foi convidado pelo presidente da sigla em Vitória, o deputado estadual Capitão Assumção, e aceitou.

Davi é candidato à reeleição e para se filiar ao novo partido sem correr o risco de perder o mandato, vai entrar com uma ação na Justiça Eleitoral. “Entrarei com pedido de justa causa. Está nas mãos do advogado”, disse Davi à coluna sem dar detalhes sobre o que vai alegar para embasar a “justa causa”.

O pedido à Justiça é comum aos parlamentares que queiram mudar de legenda fora do período da janela partidária – que é o prazo de 30 dias, a sete meses da eleição, em que é possível mudar de legenda sem correr o risco de perder o mandato. Isso porque nas eleições proporcionais (para os cargos de vereadores e deputados) a cadeira pertence ao partido e não ao parlamentar.

Quando não há uma autorização judicial para a mudança de legenda, o partido, o suplente ou até o Ministério Público Eleitoral podem entrar com uma ação na Justiça Eleitoral requerendo o mandato do parlamentar por infidelidade partidária. Porém, com relação ao partido, Davi pode ficar tranquilo.

Capitão Assumção e Davi / crédito: arquivo pessoal

“Não vou prejudicar ninguém”

O ex-deputado Renzo Vasconcelos, que preside o PSD no Estado, já tem conhecimento de que o vereador da capital irá deixar a legenda. Segundo Renzo, os dois conversaram há cerca de duas semanas no gabinete de Davi.

“Assim que eu assumi o PSD, minha estrutura ligou para todos os mandatários, colocando o partido à disposição para dialogar. O Davi foi um dos que me procurou, com a preocupação da migração para o PL. Eu fiz o convite para ele permanecer, mas eu entendo que ele busca uma sobrevivência política, tendo em vista a ligação evangélica e o voto mais extremista à direita. Não posso ser injusto de prejudicar o mandato dele”, disse Renzo.

O ex-deputado disse que orientou o vereador a buscar um respaldo jurídico porque, embora ele tenha se comprometido a não requerer o mandato do parlamentar, não poderia evitar que o suplente, por exemplo, o faça.

“Ele não me pediu liberação, apenas me comunicou que sairia. O partido liberar cria um precedente, mas eu não vou criar problemas. Eu o orientei a buscar segurança jurídica. O PSD é um partido de centro, e o presidente Gilberto Kassab tem dado um viés mais de centro-direita, mas eu entendo os motivos do Davi. Só acho que é um movimento antecipado demais”, disse Renzo que tem feito um trabalho de reconstruir o partido no Estado.

O PSD não elegeu nenhum deputado federal e nem estadual, perdeu algumas lideranças importantes, como o ex-deputado federal Neucimar Fraga, e não teve um bom desempenho na eleição para o governo do Estado, com o candidato Guerino Zanon conquistando apenas 7% dos votos.

Identificação

Desde o início deste mandato na Câmara de Vereadores de Vitória, em 2021, Davi Esmael tem dado uma guinada à extrema-direita. Em 2020 ele foi eleito pelo PSD, mas antes, o vereador fazia parte do PSB, partido de centro-esquerda que abriga o governador Renato Casagrande – a quem, hoje, Davi faz oposição.

Davi sempre teve como base um eleitorado mais conservador, de igrejas evangélicas e pautas mais direcionadas a esse público. Mas, de três anos para cá, ele ou a adotar também pautas bolsonaristas.

No biênio anterior (2021-2022) Davi foi presidente da Casa e além de se posicionar como aliadíssimo do prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), também se aproximou de vereadores bolsonaristas e de seus projetos. Portanto, a escolha de Davi pelo PL, partido que abriga Bolsonaro, já era dada como certa e coerente no mercado político.

Como fica a relação com o prefeito?

Davi e Pazolini / crédito: arquivo pessoal

O que pode causar atritos nessa mudança seria justamente a relação que o vereador tem com o prefeito Pazolini. Os dois são aliados de primeira hora e, conforme a coluna noticiou ontem, o PL descarta totalmente apoiar uma eventual reeleição do prefeito.

“Nós temos uma resolução nacional e estadual de que o partido terá cabeça em todas as cidades. Nós não seremos escada em nenhum município, principalmente na Grande Vitória”, disse o presidente estadual do PL, o senador Magno Malta.

O vice-presidente do PL de Vitória, Cemir Rodrigues, foi além. Disse que descarta “totalmente” a legenda estar junto com Pazolini no ano que vem.

Ou seja, se o PL continuar nessa pegada e Davi tiver a intenção de apoiar o prefeito numa eventual reeleição, o vereador pode não ter apoio do partido na empreitada e, pior, pode causar um mal-estar interno com o candidato da legenda.

Cemir Rodrigues confirmou o convite feito a Davi Esmael para se filiar à legenda e está otimista com a chegada do vereador. “Mostramos para ele que aqui ele tem espaço”, disse o vice-presidente.

 

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.