Política

"Bolsonaro cria espetáculo público para repreender vice", diz cientista político

"Bolsonaro representa um governo de ruptura, como foram Collor, em 1990, e Lula, em 2003", afirmou Fernando Schüler

“Bolsonaro cria espetáculo público para repreender vice”, diz cientista político “Bolsonaro cria espetáculo público para repreender vice”, diz cientista político “Bolsonaro cria espetáculo público para repreender vice”, diz cientista político “Bolsonaro cria espetáculo público para repreender vice”, diz cientista político
Foto: Reprodução

Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper

O envolvimento dos filhos do presidente em questões federais voltou à tona com as críticas ao vice Hamilton Mourão por Carlos Bolsonaro. Políticos e especialistas já criticaram tal atuação. Isso tem sido prejudicial?

Os filhos de Bolsonaro são agentes políticos. Um deles é senador (Flávio), outro é o deputado federal mais votado do País (Eduardo). Eles são líderes do partido do governo e da coalizão que está no governo. Logo, eles necessariamente terão influência no governo, goste-se ou não. Caso Ciro Gomes tivesse sido eleito, é presumível que Cid Gomes seria um ator político influente no governo. O caso de Carlos Bolsonaro é diferente.

Parece claro que, tanto no caso da demissão do ministro Bebianno, como agora, no ataque ao general Mourão, ele cumpre o papel de porta-voz informal do presidente. Como o comportamento se repete, é claro que não se trata de uma casualidade, mas de um método. Bolsonaro opta por criar uma espécie de espetáculo público para repreender seu vice-presidente e resolver assuntos que deveriam ser tratados a portas fechadas.

Como avalia a postura do vice-presidente nesse episódio?

Em relação a Mourão, o erro vem da montagem do governo. O vice deveria ter uma função definida e não ficar vagando por aí, claramente insatisfeito com o tratamento que recebe no governo, buscando alguma mídia e a imagem de “contraponto razoável” ao presidente. Há, na minha visão, um grande erro estratégico aí.

Qual é a sua avaliação a respeito dos primeiros cem dias?

Bolsonaro representa um governo de ruptura, como foram Collor, em 1990, e Lula, em 2003.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.