Polícia

PM preso por ter atirado contra jovem em semáforo afirma que agiu em legítima defesa

O caso aconteceu durante uma suposta briga de trânsito na Rodovia do Sol, em Vila Velha, no último sábado. Policial foi preso na noite desta quarta-feira

PM preso por ter atirado contra jovem em semáforo afirma que agiu em legítima defesa PM preso por ter atirado contra jovem em semáforo afirma que agiu em legítima defesa PM preso por ter atirado contra jovem em semáforo afirma que agiu em legítima defesa PM preso por ter atirado contra jovem em semáforo afirma que agiu em legítima defesa
Foto: Divulgação
Alex cumpre prisão temporária no Quartel da PM, em Maruípe, por tentativa de homicídio

O policial militar Alex Lopes Neves, preso na noite desta quarta-feira (03) suspeito de atirar contra um universitário de 24 anos, afirmou, em depoimento, que agiu em legítima defesa. O caso aconteceu durante uma suposta briga de trânsito na Rodovia do Sol, em Vila Velha, no último sábado (30). O soldado cumpre prisão temporária no Quartel do Comando-Geral (QCG) da Polícia Militar, em Maruípe, Vitória, por tentativa de homicídio.

De acordo com o delegado adjunto da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Alan Andrade, o militar confessou ter atirado contra o universitário, mas alega que o disparo ocorreu após uma discussão entre os dois, motivada por uma fechada que o policial teria levado do estudante. 

“Segundo o policial militar, assim que ele se aproximou do veículo, ele e a vítima teriam começado a discutir sobre a fechada que ele teria tomado e começaram a fazer múltiplos xingamentos. Em dado momento, o rapaz que estava dirigindo o veículo teria falado: ‘você sabe com quem você está falando?’. Assim que ele disse essa frase, o policial, segundo ele, temeu que fosse um outro policial ou um outro agente de segurança que estivesse naquele veiculo. Segundo o policial militar, a vítima teria colocado a mão debaixo do banco, feito menção que iria pegar algo e, nesse momento, temendo uma agressão por parte do motorista do carro, ele efetuou um disparo”, contou Andrade.

Já a vítima, segundo o delegado, nega ter havido briga. “Após a fechada, segundo a versão apresentada pelo policial, a vítima teria empregado uma grande velocidade e ele teria tentado persegui-lo. Segundo o rapaz que foi atingido, ele não se recorda dessa fechada. Essa fechada, segundo ele, não aconteceu. Ele foi seguindo normalmente a viagem e, quando ele parou no semáforo, primeiro carro à esquerda, ele só viu uma motocicleta se aproximando. Assim que a motocicleta se aproximou, o condutor dela teria feito o saque de uma arma de fogo e efetuado um disparo”, contou Andrade.

Segundo o levantamento da Polícia Civil, Alex não acionou o Ciodes depois do disparo, conforme o procedimento padrão para esse tipo de caso, e, em vez disso, foi embora. Para o delegado, o soldado da PM afirmou que teve medo de ficar no local e pensou que o tiro não tivesse atingido o motorista. Por isso, saiu sem comunicar a ocorrência.

Ainda segundo a Polícia Civil, os registros indicam que a própria vítima ligou para o Ciodes pedindo socorro. O delegado disse ainda que o policial portava uma arma da PM no dia em que atirou contra o estudante.

Licença médica

Alex entrou para a Polícia Militar em 2014 e estava atuando no 4º Batalhão, em Vila Velha. De acordo com o Portal da Transparência, o militar já acumula 277 dias de licença médica desde que iniciou a carreira. Segundo a Polícia Civil, ele entregaria um novo atestado nesta quarta-feira, quando foi detido em frente ao 4º Batalhão por policiais da Corregedoria da PM.

A prisão de Alex tem prazo de 30 dias, mas pode ser prorrogada caso as investigações não sejam concluídas nesse tempo. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), o soldado ainda não ou por audiência de custódia.

Já o rapaz ferido continua internado. O tiro atingiu a coluna do universitário e ele corre risco de ficar paraplégico. A Polícia Civil informou que ele não possui histórico criminal.

A Polícia Militar informou, por meio de nota, que a prisão do soldado ocorreu sem resistência, após cooperação firmada entre o delegado responsável e o comando do 4º Batalhão, com participação ativa da Corregedoria da PM.

A PMES afirmou também que lamenta o ocorrido e que exatamente por não coadunar com ações dessa natureza, coloca-se à inteira disposição das autoridades policiais, responsáveis pelo inquérito, para elucidação dos fatos.

Ainda segundo a Polícia Militar, tão logo receba da Polícia Civil os documentos iniciais de apuração, a Corregedoria instaurará os procedimentos cabíveis. Sobre o motivo do afastamento do soldado, por licença médica, a PM disse que essa informação é de cunho pessoal, ficando restrita somente ao paciente e ao médico.