Polícia

Doméstica e marido planejaram por dois anos assalto à casa dos patrões na Mata da Praia

De acordo com a Polícia Civil, o roubo ocorreu mediante simulação da suspeita de ter sido sequestrada na casa onde morava

Doméstica e marido planejaram por dois anos assalto à casa dos patrões na Mata da Praia Doméstica e marido planejaram por dois anos assalto à casa dos patrões na Mata da Praia Doméstica e marido planejaram por dois anos assalto à casa dos patrões na Mata da Praia Doméstica e marido planejaram por dois anos assalto à casa dos patrões na Mata da Praia
Foto: Câmera de videomonitoramento

Após investigações terem levado à prisão de três suspeitos que atuaram em um roubo com restrição de liberdade da vítima, no dia 06 de abril, no bairro Mata da Praia, em Vitória, a Polícia Civil conseguiu desvendar mistérios ocultos. O principal deles é que quem planejou o crime foi a doméstica que trabalhava no local há oito anos e o marido dela. Eles têm, respectivamente, 42 e 38 anos de idade.

De acordo com a Polícia Civil, o roubo ocorreu mediante simulação da suspeita de ter sido sequestrada na casa onde morava.

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Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (22), o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, além dos delegados Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) e Gianno Trindade, chefe da Divisão de Repressão aos Crimes Contra o Patrimônio (DRC), detalharam o caso.

Inicialmente, Arruda ressaltou que o que houve foi um roubo com privação de liberdade, com requinte de crueldade. “O Deic prontamente foi acionado, eu mesmo ei o caso para eles e eles desenvolveram a operação, prendendo os suspeitos”, afirmou.

Gabriel Monteiro também reforçou que o trabalho realizado foi complexo e que precisou de dias e representações judiciais, sendo que todos os envolvidos foram presos, com exceção de uma oitava pessoa que ainda não foi identificada.

À frente das investigações, Trindade disse que a situação foi noticiada a princípio como sequestro de uma doméstica em Jacaraípe, na Serra, tendo os sequestradores levado essa mulher até à casa da patroa, onde então ela, em posse das chaves da casa, deu o aos criminosos.

“Uma vez dentro da residência, algemaram as pessoas ali, com exceção de um senhor, porque já sabiam previamente que ele tinha fobia; e também com exceção da doméstica. Nós fomos desenvolvendo a investigação e interrogamos a doméstica e o marido dela, que é um ex-presidiário, que tinha agem por tráfico. Descobrimos ao longo da investigação que esse crime estava sendo planejado há cerca de 2 anos”, iniciou.

O marido da suspeita (identificada como VFC), estava solto, monitorando a família, recebendo informações privilegiadas da doméstica sobre onde os moradores do domicílio alvo guardavam dinheiro e joias.

“Fizemos um interrogatório do marido e algumas situações começaram a ficar incongruentes. Ele falou que a casa dele, onde teria havido em tese o sequestro, que foi simulado, estava com o portão aberto, tanto o de fora quanto o da residência, que não houve arrombamento. Isso acendeu um alerta. Outros pontos: os celulares da família da Mata da Praia foram destruídos, mas os da família da doméstica foram entregues intactos e ele não soube explicar o motivo”, pontuou a autoridade policial.

Além disso, nos dois dias anteriores ao crime, 4 e 5 de abril, o marido da doméstica (FLD) estava próximo à casa das vítimas. Apesar de ele ter tentado negar, a prova era objetiva. Então vários elementos foram levando à construção do fato de que aquilo teria sido simulado.

“E pelas imagens do videomonitoramento percebe-se que quando o Civic branco para, uma pessoa salta, chega até à porta da doméstica e fica na frente do veículo por um tempo. Salta então outra pessoa, elas entram, mais tarde um deles volta e um terceiro elemento salta do carro. Começa a ficar contraditório com o interrogatório da doméstica e do marido, que teriam sido abordados simultaneamente por três indivíduos na casa da doméstica”, acrescentou.

Outro ponto que chamou à atenção, segundo o delegado, foi a saída da suspeita, sendo que um criminoso estava à frente e ela atrás, o que causa estranheza para um sequestro. Foram então estes “fios soltos” que precisaram ser conectados no quebra-cabeça para chegar à conclusão de que havia sim o envolvimento do marido e dela, embora negassem em um primeiro momento.

“Descobrimos que o marido dela já teve uma amante, que já tinha agem por furto em residência com um outro rapaz. Coisa de novela mexicana. Esse rapaz foi apresentado às vítimas por imagens e foi reconhecido como envolvido. No carro, ao todo, havia cinco pessoas e oito no total participando. Uma vez preso, o marido deu algum detalhe, confessando em parte o crime e jogando para um terceiro que o teria procurado com as informações já prontas”, disse Gianno.

Curiosidade: a doméstica, que trabalhava no local há 8 anos, detinha tamanha confiança da família proprietária da casa invadida que a residência em que foi simulado o sequestro era também pertencente aos empregadores, que a deixavam morar nela. Esta casa seria ada para o nome dela no futuro.

Carro que capotou em Timbuí tem relação com o caso

Outro ponto a que o delegado chamou atenção foi para uma operação em que foi realizada em Timbuí, distrito de Fundão, na Grande Vitória. Foi realizada uma perseguição pela Polícia Militar a um veículo roubado, em que três indivíduos capotaram com o carro e foram presos à ocasião.

Uma dessas pessoas confessou a participação no crime da Mata da Praia e disse que foi tramado pelo marido da doméstica. Esta pessoa presa chamou mais duas, sendo uma delas um rapaz de 20 anos que foi assassinado em uma barbearia em Jacaraípe.

O rapaz morto havia ficado encarregado de conseguir o Honda Civic usado na simulação do assalto, por R$ 20 mil, e levar também a arma para a prática do crime. “Esse rapaz, segundo os presos, também foi responsável por uma participação no roubo do médico e ex-deputado em Jacaraípe, na madrugada de 17 de março, conseguindo carro e armamento”, pontuou a autoridade.

Prejuízo do crime na Mata da Praia

No crime da Mata da Praia foi arrecadado cerca de R$ 35 mil na casa, muito menos do que os suspeitos esperavam conseguir.

“A proposta quando começaram a agenciar os outros, era de que tivesse R$ 5 milhões na casa, uma vez que o senhor proprietário é um empresário e movimenta dinheiro para o pagamento de funcionários. Levaram cerca de 800g em ouro, que deu cerca de R$ 1 mil e R$ 14 a 15 mil ficaram com o rapaz que morreu na barbearia, porque ele foi responsável por adquirir o carro que foi incendiado ao final das contas. Ele recebeu mais porque tinha a dívida do carro e da arma. Depois, R$ 3.400 a 4 mil foram divididos para cada um dos outros, ou seja, foi um plano bem frustrado por parte deles, que esperavam milhões”, relatou a autoridade.

Envolvidos

Doméstica (VFC, 42 anos);
Marido da doméstica (FLD, 38 anos);
Suspeito com histórico de 7 folhas de ficha criminal, entre homicídios e roubos (JCA, 47 anos);
RMAS, 45 anos; todos com agem;
RCZM, 32 anos;
DPAG, 28 anos;
Rony Oliveira dos Santos, 20 anos, que acabou morrendo em uma barbearia;
Uma pessoa ainda não identificada, chamada pelo suspeito que está morto;

Os crimes

Os crimes imputados aos envolvidos são:

Roubo triplamente majorado com restrição de liberdade da vítima, concurso de agentes e uso de arma de fogo;
Dano qualificado: incêndio ao carro;
Perigo comum: já que incendiaram o veículo próximo a residências.