Polícia

Criminosos criam “tribunal do tráfico” no Estado

Criminosos criam “tribunal do tráfico” no Estado Criminosos criam “tribunal do tráfico” no Estado Criminosos criam “tribunal do tráfico” no Estado Criminosos criam “tribunal do tráfico” no Estado

No Espírito Santo não para de crescer o número de assassinatos envolvendo a guerra do tráfico de drogas. Jovens entre 14 e 25 anos acabam perdendo a vida pelo envolvimento com as drogas. Para manter a lei, existe o tribunal de justiça, mas no crime quem dá as ordens é o “tribunal do tráfico”.

“O tráfico é rentável, gera muito dinheiro. Já perguntei sobre isso para um adolescente e ele disse que, onde tem o ‘pó’ tem o sangue. Eles sabem que vão morrer, mas querem viver o momento”, diz o delegado chefe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Joel Lopes. 

Segundo ele, é muito comum prender o traficante, mas ele ficar apenas um tempo na cadeia. “As vezes ele não quer mais se envolver com o tráfico, mas o traficante que está lá, e que às vezes era até amigo, fica com medo dele retomar o poder e mata”, conta Lopes. 

Segundo dados da Divisão de Homicídios, 80% dos homicídios cometidos em 2013 as investigações chegaram a uma motivação. Desses crimes, 70% estão relacionados com o tráfico de drogas, seguido por 21% de vingança, que segundo o delegado, também tem envolvimento com o tráfico. Nos três primeiros meses deste ano, 60% dos crimes tiveram a motivação descoberta. Desses crimes, 62% foram pelo tráfico de drogas.

Ainda de acordo com a polícia, em janeiro 103 pessoas foram assassinadas. Em fevereiro houve redução, foram 92 mortes. O número é praticamente igual ao do mês de março, quando 93 pessoas tiveram a vida encerrada pelo crime. “A maioria é homem entre 14 e 25 anos. Nós estamos perdendo nossos jovens para o tráfico”, revela o delegado.

Algumas vezes a pessoa julgada pelos traficantes não chega a ser assassinada, mas é torturada. Foi o caso de uma jovem que a TV Vitória mostrou em novembro de 2012. Na época, com 15 anos, ela teve os cabelos cortados por namorar um rapaz de um bairro rival.

Para o investigador da Divisão de Homicídios, Geraldo Silva Filho, o que aconteceu com a adolescente é cada vez mais comum no mundo do tráfico. “Infelizmente essas meninas que namoram com pessoas de outros bairros sabem o risco que correm, mas pagam para ver. Geralmente o pior acontece, que é a morte”, afirma o investigador.