
O fotógrafo mineiro Sebastião Salgado morreu aos 81 anos nesta sexta-feira (23), em Paris, na França. Salgado é considerado o maior fotojornalista do Brasil e um dos maiores do mundo.
O Instituto Terra confirmou a morte dele nas redes sociais, por meio de uma nota de pesar. Ainda não se sabe a causa da morte do fotógrafo.
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Na publicação, o Instituto Terra destaca Salgado como “mestre e eterno inspirador” e declara:
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.
Sebastião Salgado deixa a esposa, os filhos Juliano e Rodrigo, e os netos Flávio e Nara. O instituto finaliza com uma frase: “Nosso eterno Tião, presente! Hoje e sempre”.
O legado de Sebastião Salgado, maior fotógrafo brasileiro
Sebastião Salgado nasceu em Aimorés, em Minas Gerais, em fevereiro de 1944. Ainda jovem, ele veio para Vitória, no Espírito Santo. Foi na Capital capixaba que ele conheceu Lélia Salgado, com quem se casou.
Ao longo da carreira, mundialmente reconhecida, Salgado fez contribuições em diversas organizações humanitárias. Entre elas, estão o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional.
Desde abril de 2016, o Sebastião era membro da Academia de Belas-Artes de Paris pertencente ao Institut de .
Em abril de 1998, Sebastião fundou o Instituto Terra, uma organização não governamental para recuperar a Mata Atlântica e as nascentes da antiga Fazenda Bulcão, local onde ou a infância com a família. Foi o Instituto que confirmou a morte do fotógrafo nesta sexta. Sebastião Salgado enfrentava há anos problemas causados pela malária.
Fotógrafo publicou diversos livros
Um fato curioso da vida de Sebastião Salgado é que, antes de se tornar uma pessoa conhecida pelas causas ambientais, ele cursou e se tornou mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (Usp), em 1968. Além disso, Salgado também é doutor pela Universidade de Paris.
O fotojornalista também já trabalhou na Organização Internacional do Café, em Londres, antes de sentir o desejo de fotografar a natureza. Foi no ano de 1974 que ele começou a realizar o ofício, devido as tantas viagens que fazia pelo mundo, trabalhando em diversas agências fotográficas.
Nos anos 80, Sebastião Salgado já publicava livros que faziam sucessos, registrando povos esquecidos, muita das vezes. Um dos livros publicados nessa época foi o Outras Américas, registrando os povos indígenas da América Latina.
Outro trabalho, considerado um dos mais lembrados, é a série Os Trabalhadores, onde registrou o trabalho manuel pesado praticado por diversos trabalhadores de todo o mundo.
Um dos registros dessa série foi feito na Serra Pelada, no Pará. Inclusive, uma das fotos deste trabalho, intitulada de Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil, foi considerada, pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.
Outros livros famosos de Sebastião Salgado são Êxodo e Retratos de Crianças do Êxodo, registrando imagens em 40 países, durante seis anos. Na introdução do livro, Salgado escreve que a obra “conta a história da humanidade em trânsito. É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria”.
Já nos anos 1990, o fotógrafo fundou a Amazônia Images, registrando fotos, principalmente, da floresta amazônica. Sebastião circulou pela região por seis anos, flagrando a natureza, além da cultura dos povos da região.
Governador decreta luto no Estado
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, publicou uma nota nas redes sociais lamentando a morte do fotógrafo. Ele decretou luto de três dias e declarou que Salgado “expôs ao mundo a dignidade humana e a urgência de preservar o planeta”.
Veja a nota do governador: