Geral

Símbolo paulistano, Colégio Ofélia Fonseca faz 100 anos

Símbolo paulistano, Colégio Ofélia Fonseca faz 100 anos Símbolo paulistano, Colégio Ofélia Fonseca faz 100 anos Símbolo paulistano, Colégio Ofélia Fonseca faz 100 anos Símbolo paulistano, Colégio Ofélia Fonseca faz 100 anos

A tradição sempre foi um dos pilares do Colégio Ofélia Fonseca, localizado em Higienópolis, na região central paulistana, assim como a adaptação às mudanças. Nesta segunda-feira, 6, funcionários, professores e estudantes estarão conectados para, de suas casas, acompanhar a live de celebração do centenário da escola, seguindo o formato que se popularizou na pandemia de covid-19 para evitar aglomerações.

Fundado em 7 de junho de 1921 pela professora Ofélia Fonseca de Almeida, o colégio era voltado para moças, principalmente das famílias do bairro. Os rapazes começaram a ser itidos em 1971. Foi ainda nos anos 1970 que o colégio iniciou uma série de transformações diante do surgimento de escolas com diferentes propostas.

“Ela fundou, ficou por 40 anos, saiu e deixou para duas professoras. Entrei em 1979. A escola era extremamente tradicional e estava sofrendo concorrência das escolas renovadas. Tinha acabado de me formar em istração de Empresas. Ela me ligou e me pediu para fazer uma avaliação da escola, que estava perdendo alunos. Para continuar, fizemos o prédio novo, abrimos o ensino médio”, relembra Antônio Sergio Ferreira Brandão, diretor istrativo e sobrinho-neto de Ofélia.

Ele conta que a previsão era de ar pouco tempo realizando este trabalho. “Estava com 24 anos. Depois, fiz Pedagogia, fiz depois mestrado e estou aqui até hoje.” Há 39 anos no colégio, a diretora executiva Marisa Monteiro explica que a unidade, que tem 300 estudantes da educação infantil ao ensino médio, busca sempre dar atenção para a aquisição de habilidades e conhecimentos sem deixar de lado aspectos individuais. “O grande diferencial é manter a modernidade sem perder os valores da fundadora, que são a formação de excelência e olhar focado no processo individual. Sabemos que tem o coletivo para ser tratado, mas o indivíduo é respeitado em seus valores éticos, religiosos. Trabalhamos com o processo da reflexão e da escuta.”

Entre as personalidades que estudaram no colégio estão o jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, a cantora Maysa, a atriz Eva Wilma e o jornalista Ruy Mesquita.

Pandemia

Ao longo dos seus 100 anos, o colégio precisou se adaptar ao cenário de grandes escolas, unidades comandadas por grupos estrangeiros e o uso de tecnologias. Segundo Marisa, a proposta de estar em constante transformação ajudou o colégio a se adaptar às exigências do mercado e a enfrentar os desafios da pandemia atual, que transformou os lares em sala de aula.

“Desde 2014, 2015, a gente capacitou toda a equipe com aplicativos do Google for Education. Nossa escola tem Wi-Fi e estação multimídia em todas as salas de aula. A equipe é muito jovem, a média é de 35 a 40 anos, só cinco pessoas tomaram vacina até agora.” O que não quer dizer que eles não são experientes. “É uma equipe bem formada. Dos nossos professores, 80% têm mestrado”, destaca Marisa.

Durante o tempo em que esteve sem aulas presenciais por causa da pandemia, o colégio priorizou respeitar as dificuldades das famílias, que estavam em home office e ainda se adaptando ao novo modelo de aulas. “Não estávamos preocupados com quantidade de tempo, mas com a qualidade. A gente fazia trabalhos de interação. Perdemos poucos alunos, porque ficou visível para os pais a qualidade do nosso trabalho.”

Na retomada, a educação infantil foi priorizada. A partir do 1.º ano do ensino fundamental, as turmas são divididas em grupos que frequentam a escola três vezes por semana. “A gente está tendo uma resistência dos adolescentes a voltar. A preocupação é tirá-los da zona de conforto de lidar com seus desafios e conflitos típicos da idade”, observa a diretora executiva.

Quem está em casa acompanha as aulas presenciais em tempo real. Para o retorno, também foi criada uma cartilha de segurança, que aborda a necessidade do uso de máscara, distanciamento e higienização das mãos.

Com tantas mudanças, o e da área de psicologia foi intensificado para cuidar da parte emocional dos estudantes. “Escola não é só aprender a ler e contar, é para criar um adulto autônomo para melhorar o mundo. Está todo mundo polarizado, não pode opinar que vira guerra. Temos de mostrar que não é ser partidário, mas político. A gente tem aulas de Filosofia desde o 2º ano do ensino fundamental há 20 anos. Isso para alunos com 8 anos. Discutimos morte, medo, religião e fazemos assembleias com os grupos.”

Celebração

A comemoração dos 100 anos do Colégio Ofélia Fonseca começou a ser planejada há dois anos, muito antes de toda a mudança causada pela pandemia. “Estou há 13 anos e peguei a festa de 90 anos. A gente tinha um plano de reunir a comunidade escolar e começou a pensar, em 2019, em como seria o centenário, que tinha um pensamento de presente e futuro, marcaria a escola em movimento, mas tivemos de repensar, porque a festa não pode acontecer”, comenta o coordenador pedagógico Luis Fernando Massagardi.

A comemoração será virtual. “Temos um evento programado para as 19 horas, uma homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade e o pai de um aluno vai fazer uma apresentação online. Estamos preparando também um vídeo com ex-estudantes e funcionários da coordenação.”

E o colégio já está preparado para as próximas transformações que virão. “A nossa proposta é pensar no que será daqui a 100 anos e desenvolver novas alternativas para a escola não parar. O olhar de quem convive com crianças e jovens é diferente. Você não envelhece. Se renova com eles”, diz Brandão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.