O Engenheiro Civil, com mestrado em Geotécnica de Barragens e Estruturas, e que atua no Instituto Capixaba de Perícias, Gerson Campera, acredita que se a barragem de Germano, em Minas Gerais, se romper poderá representar o fim o do Rio Doce.
No dia 17 deste mês, a mineradora Samarco itiu pela primeira vez a possibilidade de novos rompimentos na região de Mariana, em Minas Gerais.
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Segundo ele uma obra de contenção pode levar até nove meses para ficar pronta e se chover por alguns dias seguidos, existe a possibilidade de uma nova tragédia.
“Se chover durante cinco dias seguidos a barragem pode estourar. Se isso acontecer o Rio Doce será extinto. A construção de uma barragem para reforçar a estrutura já existente, pode levar de seis a nove meses para ficar pronta”, explicou Campera.
Outro dado apontado pelo especialista é que essa lama pode afetar todas as praias do Espírito Santo e chegar até ao Rio de Janeiro. “Acredito que isso possa acontecer em até seis meses, mas vai depender da corrente marítima e dos ventos”.
Ele também afirma que os lençóis freáticos serão afetados. “Essa lama é muito fina e vai criando uma camada no fundo do rio, e por ser tão fina, pode penetrar para os lençóis freáticos. Sendo assim, não é recomendado que poços sejam cavados para captação de água, pelo menos, a três quilômetros das margens do rio”, avalia.
Quanto à recuperação do Rio Doce, Gerson também aponta um dado assustador. “Se nenhuma medida for tomada, como, por exemplo, uma dragagem, o Rio Doce só vai voltar à sua coloração normal em 10 anos. Acredito que esse tipo de obra não será feita por conta da extensão do rio e dos recursos que envolveria isso. Sendo assim, se chover na cabeceira da calha, esses resíduos que se concentraram em algum ponto, vão se movimentar e seguir pelo rio”, disse.
Em relação à qualidade da água, Gerson também fez alguns apontamentos. Ele acredita que as estações de tratamento não estão preparadas para realizar o tratamento de água do Rio Doce nessas condições, pois os valores de turbidez variam muito, e que limpezas nas estações teriam que ser constantes.
“Para se ter uma segurança seria necessário que a captação fosse feita por três dias. Depois, o abastecimento teria que ser interrompido para a limpeza da estação de tratamento, o que levaria em média dois dias, e depois retomada a captação por mais três dias, e assim sucessivamente. Mas isso por um período de tempo, depois essas limpezas poderiam ser realizadas em tempos mais espaçados”, alegou.
Reservatório é esvaziado em MG
Em Minas Gerais, está sendo esvaziado o reservatório da usina hidrelétrica Risoleta Neves, em Santa Cruz do Escalvado, a 100 quilômetros de Mariana, onde as barreiras se romperam no dia 05 de novembro. A usina está sendo esvaziada desde sexta-feira (27) por conta do risco de rompimento da barragem de Germano.
