Geral

Falta de duplicação pode ter agravado situação do acidente em Guarapari

O trecho da rodovia no Espírito Santo é istrado pela concessionária Eco101. A previsão inicial é que metade das obras fiquem prontas em 2019

Falta de duplicação pode ter agravado situação do acidente em Guarapari Falta de duplicação pode ter agravado situação do acidente em Guarapari Falta de duplicação pode ter agravado situação do acidente em Guarapari Falta de duplicação pode ter agravado situação do acidente em Guarapari
A Eco101 istra a rodovia desde 2014 Foto: ​Reprodução

A falta de duplicação da BR 101 no Espírito Santo pode ter sido um dos agravantes responsáveis pela tragédia registrada na rodovia, na manhã da última quinta-feira (22), em Guarapari, em que mais de 20 pessoas morreram.

O trecho da rodovia no Estado é istrado pela concessionária Eco101 desde 2014. São 476 quilômetros de estrada, que vão desde a divisa com a Bahia até o limite com o Estado do Rio de Janeiro, e o prazo para conclusão de metade das obras seria até 2019, mas as obras só foram iniciadas em abril de 2016, quando uma solenidade às margens da rodovia marcou o início dos trabalhos.

O professor universitário Duarte Rosa Filho, mestre em Ciência do Transporte, disse que sempre faz o percurso de Vitória para o Rio de Janeiro e a diferença nas condições da rodovia nos dois estados é muito grande. “O trecho no Espírito Santo é péssimo. Quando amos da cidade de Campos, a situação é muito melhor”, conta.

De acordo com ele, em um acidente como este, não é possível encontrar apenas um motivo, mas a falta de duplicação pode ter sido um dos agravantes. “Qualquer acidente não acontece com uma única causa. Podemos somar a falta de duplicação, o excesso de peso, condições do veículo e ainda as condições de trabalho do condutor. Desse jeito, não tem escapatória”, explica.

O professor ainda ressalta a importância de um espaço maior para que haja mais condições de tráfego. “Onde há trechos duplicados, a facilidade para ultraar carretas e veículos mais lentos é maior”, destaca.

Em março deste ano, a Comissão de Fiscalização da BR 101, em Brasilia, realizou uma audiência pública para falar sobre o atraso das obras. Na ocasião, o superintendente da Eco101, Roberto Paulo Hanke, assumiu que a concessionária está atrasada em seu cronograma.

De acordo com Hanke, essa demora se devia às faltas de licenciamento ambiental e processos judiciais de desapropriação de certas áreas. “Não é questão de apontar culpados, mas os investimentos que não fizemos, o motivo maior foram as licenças ambientais. Hoje trabalhamos na parte que temos o licenciamento. A ANTT tem aprovado todos os projetos e financeiramente a concessionária está sadia”, disse, em março.

Segundo informações atualizadas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Eco101 tem um pedido de licenciamento em aberto para a realização das obras e atualmente está em processo de licença de instalação, a segunda fase das licenças.

O Ibama ainda informou que já sinalizou para a liberação desta análise, mas o pagamento da Guia de Recolhimento da União (GRU) ainda não foi realizado pela concessionária da rodovia. No entanto, a GRU foi gerado em 30 de maio e o prazo se encerra no dia 20 de agosto, o que não configura atraso no pagamento. O valor da guia é de R$ 169.970,09.

A empresa Eco101 foi procurada, mas não respondeu a demanda da reportagem até o fechamento desta matéria.