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Crianças infectadas por surto de diarreia só poderão voltar às aulas no dia 28 de abril

A recomendação é das secretarias de Saúde de Vila Velha e do Espírito Santo e do Ministério da Saúde, que divulgaram uma nota conjunta nesta segunda-feira

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Foto: TV Vitória
Creche Praia Baby, na Praia da Costa, está interditada desde o dia 29 de março

As secretarias de Saúde de Vila Velha e do Espírito Santo e o Ministério da Saúde recomendaram que as crianças infectadas pelo surto de diarreia ocorrido na creche Praia Baby, na Praia da Costa, em Vila Velha, retornem as aulas somente a partir do dia 28 de abril. Antes desse prazo, segundo nota informativa conjunta, divulgada pelos três órgãos nesta segunda-feira (08), não é recomendável que essas crianças sejam matriculadas em outras creches.

Ainda de acordo com nota, o prazo estipulado para as crianças retomarem os estudos levou em consideração o período máximo de incubação, de 15 dias, além do período máximo de transmissibilidade, também de 15 dias. 

Os órgãos, no entanto, não especificaram se a unidade de ensino, interditada desde o dia 29 de março, poderá retomar suas atividades. A creche Praia Baby, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não se manifestará sobre o assunto por enquanto.

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A nota divulgada nesta segunda traz ainda os principais questionamentos a respeito do surto de gastroenterite aguda e suas respectivas respostas, além de orientações para situações desse tipo. Até o momento, 22 pessoas apresentaram sintomas, entre alunos e funcionários da creche particular, e um menino de 2 anos morreu.

Confira a nota na íntegra:

NOTA INFORMATIVA CONJUNTA SOBRE O SURTO DE GASTROENTERITE AGUDA COM CASOS DE SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA.

1- JUSTIFICATIVA

Frente à ocorrência de alguns casos de diarreia que evoluíram para Síndrome Hemolítico-urêmica (SHU) e um óbito, em crianças residentes de Vila Velha que neste período frequentaram um quiosque localizado na orla e que estudam em uma unidade de ensino particular no mesmo município, foi necessário deflagrar uma investigação epidemiológica nos estabelecimentos citados, com o objetivo de identificar os possíveis fatores de risco, a fonte de transmissão, caracterizar o surto e direcionar as medidas de prevenção e controle para impedir a ocorrência e propagação de novos casos.

A investigação tem demonstrado vínculo epidemiológico entre crianças sintomáticas e o ambiente da unidade de ensino particular. Exames laboratoriais demostraram indícios da presença do mesmo agente etiológico em amostras de água coletadas no ambiente escolar e amostras de fezes de crianças sintomáticas. Assim que os primeiros resultados laboratoriais foram liberados a interdição da creche tornou-se necessária, visando a continuidade da investigação para confirmar a fonte de transmissão do patógeno e realizar as adequações necessárias a reabertura do estabelecimento.

Os resultados laboratoriais demonstram que as amostras de água, alimentos e instrumentos coletados no quiosque, não havia presença de agentes patogênicos capazes de causar adoecimento. Além disso, não foram identificados outros casos relacionados com o quiosque.

Diante de um evento grave e raro como este, considerando que três crianças necessitaram de Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica (UTIP), duas delas necessitando de diálise peritoneal e uma evoluindo a óbito, a Secretaria Municipal de Saúde fez contato com a Secretaria Estadual de Saúde, consultou infectologista e solicitou apoio do Ministério da Saúde quanto a investigação e acompanhamento do evento que é de relevância para a saúde pública.

2- PERGUNTAS E RESPOSTAS

O que caracteriza um surto?

Número elevado de casos de uma doença ou agravo, acima do esperado em um determinado lugar e período de tempo com vínculo epidemiológico.

Todas as Gastroenterites Agudas (GEA) são iguais?

Não. As GEAs podem ser causadas por diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros parasitas, como os protozoários). A depender do agente causador da doença e das características individuais dos pacientes, elas podem evoluir clinicamente para quadros de gravidade variável, incluindo a ocorrência de SHU.

O que é SHU?

A Síndrome Hemolítico-urêmica (SHU) é uma doença grave, observada mais frequentemente em crianças de pouca idade (menores de 5 anos), e se caracteriza por anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia e insuficiência renal aguda. Em muitos casos, a SHU é precedida de doença febril, com gastroenterite, sendo a diarreia, geralmente, sanguinolenta. A principal manifestação clínica é a insuficiência renal que afeta a maioria dos pacientes, acompanhada de palidez, hematomas e petéquias. A hipertensão arterial e manifestações neurológicas como irritabilidade, letargia, convulsões, coma, apresentam-se em 25% dos afetados. Alterações em outros órgãos como pâncreas e coração, têm sido descritas na literatura com importante frequência.

Quais cuidados devem ser tomados pelos pais de crianças assintomáticas, que estudam na creche e que neste momento estão em casa?

Orientamos que as crianças e familiares sejam observados por um período de 40 dias quanto ao surgimento de diarreia e sintomas de febre, palidez, fraqueza, inchaço, alterações do aspecto da urina ou parada de urina. Devem ser intensificadas as medidas de higiene como a lavagem de mãos, cuidados com manipulação dos alimentos e higienização das crianças, entre outras descritas no decorrer na nota.

Quais orientações devem ser dadas aos pais que tem filhos sintomáticos e que a princípio não receberam orientação médica para internação?

Comunicar a ocorrência do caso de diarreia a Vigilância Epidemiológica municipal através do tel: 3388-4185 ou 3388-4186. Caso surja diarreia mucossanguinolenta, palidez, vômitos, fraqueza, inchaço e diminuição ou parada de diurese deve ser encaminhada para avaliação em unidade hospitalar. As crianças e seus antes (pessoas com vínculo epidemiológico com casos) que apresentam diarreia e não foram internadas precisam ser acompanhadas por profissional da saúde a cada 48 horas para exame físico e identificação de possíveis sinais de desidratação. Recomenda-se que recebam hidratação oral e tenham a diurese monitorada; devem ser coletadas amostras de fezes para exames específicos. Evitar uso de antiespasmódicos (Buscopan, etc) e antiperistálticos (Imosec, etc) e Antibiótico empírico não está recomendado.

Quais exames devem ser solicitados, caso os pais levem seus filhos sintomáticos leves e assintomáticos para uma investigação junto ao serviço de saúde?

Recomenda-se a realização de Coprocultura (indispensável para os sintomáticos), hemograma e função renal (creatinina e ureia).

Crianças que estudam na creche de ocorrência do surto, assintomáticas e sintomáticas podem ser matriculadas em outras creches?

No momento não. Considerando a gravidade desta doença, o período máximo de incubação de quinze dias e o período máximo de transmissibilidade de quinze dias, as autoridades de Saúde do Município, do Estado e do Ministério da Saúde recomendam que o retorno às aulas ocorra a partir do dia vinte e oito de abril de 2019.

3- ORIENTAÇÕES PARA SITUAÇÕES DE SURTO DE GASTROENTERITE:

Como prevenir a GEA?

1) Lave as mãos toda a vez que usar o banheiro, antes e depois de amamentar, trocar fraldas ou cuidar de doentes, antes de preparar ou ingerir alimentos, sempre que voltar da rua, após utilizar transporte público, após contato com terra e após contato com animais ou com o meio ambiente onde eles vivem.

2) Mantenha a higiene na cozinha. Ao preparar alimentos, não misture alimentos já cozidos ou desinfetados com aqueles ainda em preparação – evite a contaminação cruzada. Lave bem as mãos, as superfícies da pia e utensílios e os ingredientes a cada nova preparação. Cuidado com o contato das mãos com o lixo.

3) Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em recipientes fechados).

4) Cozinhe, frite ou asse sempre muito bem os alimentos, de forma que o calor atinja também o interior do alimento. Evite a ingestão de carnes malada e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.

5) Alimentos que serão consumidos crus (verduras, legumes e frutas) devem ser bem lavados e desinfetados com hipoclorito de sódio a 2,5% (15 gotas para cada litro de água, por 30 minutos).

6) Evite a ingestão de leite e derivados não pasteurizados ou não fervidos.

7) Nos locais com surtos de diarreia, evite nadar em lagos, piscinas, rios ou outras coleções hídricas.

4- RECOMENDAÇÃO ADOTADA PELOS TRÊS ENTES FEDERADOS: MUNICÍPIO, ESTADO E MINISTÉRIO DA SAÚDE FRENTE AO SURTO DE DIARREIA

Considerando a gravidade desta doença, o período máximo de incubação de quinze dias e o período máximo de transmissibilidade de quinze dias, as autoridades de Saúde do Município, do Estado e do Ministério da Saúde recomendam que o retorno às aulas dessas crianças ocorra a partir do dia vinte e oito de abril de 2019.

Outrossim informa que o processo investigativo do estabelecimento particular é complexo e que demandará o tempo necessário à elucidação dos fatos, para que episódios da espécie não venham a se repetir.

A presente Nota foi elaborada por técnicos da Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e do Ministério da Saúde, com a contribuição da Sociedade Brasileira de Nefrologia e da Sociedade de Brasileira de Infectologia.

Secretaria Municipal de Saúde de Vila Velha

Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo

Ministério da Saúde