“Só Deus sabe como é difícil lidar com a ausência de uma filha e um neto. E para uma avó ver outro neto órfão. Ele só tem dois anos. Ficou sem a mãe, sem o irmão, sem a casa, o quintal imenso no qual brincava de jogar bola e corria”.
O relato é da professora aposentada Maria da Graça Soares, 73 anos, quer perdeu a filha e o neto nas fortes chuvas que atingiram 13 cidades do Sul do estado do Espírito Santo em março deste ano. A família é de Mimoso do Sul.
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Adair Antônia Fernandes Medeiros tinha 43 anos e era professora de português e inglês. Ela e o filho, Leonardo Fernandes Medeiros, de apenas 6 anos, estavam em casa quando a residência desabou no dia 23 de março.
Há quase dois meses Maria da Graça se vê convivendo a saudade e tenta seguir em frente, já que, agora, a preocupação é com o outro neto que ficou e com o genro.
“A tragédia mudou nossas vidas. Eu acampei na casa onde vivia. Ainda tem cheiro e rastros da água e da lama. Com certeza o nosso psicológico não é o mesmo. Principalmente das crianças”, avalia.
Os sentimentos como os relatados pela professora aposentada são comuns em pessoas que enfrentaram alguma tragédia ou trauma e podem desencadear transtornos psicológicos.
Diante desta realidade, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) se mobilizou para oferecer e e amparo às vítimas que perderam tudo, incluindo casas, pertences pessoais e toda história de vida.
Agora, vítimas de catástrofes naturais vão ter e e apoio psicológico oferecido na rede pública de saúde.
O Projeto de Lei 159/2024, que cria o Programa de Apoio Psicológico às Vítimas de Catástrofes Naturais, foi aprovado no início de abril deste ano e sancionado pelo Governo do Estado.
“O programa tem objetivo minimizar o estresse e o trauma vivenciado por aqueles que foram diretamente afetados pelos recentes desastres, oferecendo apoio psicológico tanto às vítimas, quanto aos seus familiares”, explicou o secretário de Comunicação da Ales, Guto Neto.
Guto ressalta ainda que o projeto aprovado também vai atender os profissionais envolvidos nos resgates e no atendimento às vítimas de catástrofes naturais. O programa está em fase de análise para implantação.
“Além de prepará-los para lidar com as reações das pessoas afetadas, também queremos oferecer apoio emocional a esses trabalhadores que estão na linha de frente desses acontecimentos. Isso pode reduzir possíveis traumas e dar a eles melhores condições para continuar seus trabalhos”, completou.
Mais apoio: desburocratização e crédito facilitado
Além do apoio psicológico, a Assembleia Legislativa adotou outras medidas para auxiliar a população atingida pelas chuvas de março.
Entre elas, a desburocratização dos processos que garantem o aos recursos da Defesa Civil, crédito facilitado para as vítimas desabrigadas, arrecadação de suprimentos, parceria com o setor produtivo do Estado para buscar novos recursos e assistência para os animais desprotegidos.
“Podemos destacar ainda o ree de R$ 17 milhões ao Governo do Estado, provenientes da economia da Assembleia sobre o orçamento de 2023. O atendimento psicológico previsto no projeto pode ser realizado tanto de forma virtual quanto presencial, de forma imediata e continuada, o que vai garantir maior o aos serviços”, pontuou.
Para Maria da Graça, o projeto traz alivio para a família e representa esperança de dias melhores.
“Que essa medida vise principalmente dar e emocional às crianças vítimas dessa tragédia. Sejam elas as diretamente atingidas, mas também os colegas de escola, filhos dos vizinhos que brincavam com meu neto de 6 anos. Todos perdemos”, lamentou.
*Reportagem Mayra Bandeira