O Espírito Santo acaba de entrar para o mapa da olivicultura mundial. O Azeite Altoé, produzido em Afonso Cláudio, nas Montanhas Capixabas, conquistou duas medalhas de ouro no concurso internacional Olive Istanbul IOOC 2025, realizado na Turquia, no fim de abril.
Os azeites premiados foram o monovarietal Grappolo e o blend com três variedades: arbequina, grappolo e koroneiki. É a primeira vez que um azeite extravirgem capixaba recebe reconhecimento internacional.
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O responsável pela produção é o olivicultor Leonardo Altoé, que iniciou o plantio de oliveiras em 2018, após voltar de um período nos Estados Unidos. Inspirado por experiências no exterior e movido pelo desejo de construir algo novo em sua terra natal, ele transformou uma antiga área de eucalipto em um olival promissor.
“Começamos praticamente do zero. A propriedade não tinha água, energia, nem casa. Tivemos que tirar todo o eucalipto e preparar o terreno. Em 2018 fizemos o plantio e, desde então, estamos nos dedicando ao cultivo”, conta Leonardo.
Apesar de ser uma cultura ainda em desenvolvimento no estado, o azeite capixaba já mostra potencial. A produção, ainda pequena, é limitada pela dependência de clima frio — condição essencial para que as oliveiras frutifiquem. Em 2024, mesmo com um inverno pouco rigoroso, Leonardo conseguiu colher cerca de 200 quilos de azeitonas e produzir aproximadamente 35 litros de azeite.
Reconhecimento internacional do azeite capixaba
As amostras enviadas para a competição na Turquia aram por avaliação às cegas e surpreenderam os jurados pela qualidade. O Olive Istanbul IOOC é considerado uma das principais competições do mundo, reconhecida pelo rigor técnico e científico. A edição de 2025 reuniu marcas de azeites de vários continentes e segue critérios internacionais na avaliação.
A premiação também representa um marco para o Espírito Santo. Esse é o primeiro azeite capixaba premiado em uma competição internacional.
“Representar o Espírito Santo foi muito especial. A gente ainda está engatinhando na produção, enfrentando muitos desafios, como a falta de frio e de mão de obra. Mas esse reconhecimento mostra que estamos no caminho certo”, afirma o produtor.
Com cerca de 1.700 pés de oliveira plantados, Leonardo já comercializa o Azeite Altoé e conta que a primeira remessa, de apenas 100 garrafas de 250 ml, já teve 60% vendida na primeira semana.
Agora, com novas máquinas de filtragem chegando à Associação de Olivicultores do Espírito Santo, em Santa Teresa, onde o azeite é processado, a expectativa é aumentar a produção e participar de mais concursos internacionais nos próximos anos.
“Nosso maior objetivo agora é continuar pesquisando e encontrando formas de adaptar o cultivo ao clima capixaba. Só assim conseguiremos garantir produção mesmo em anos com menos frio. É um desafio, mas também uma missão”, conclui Leonardo.
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Colunista
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