Educação

"Inércia ainda prevalece”, diz diretor-geral do Impa sobre ensino da matemática aplicada

Para Marcelo Viana, o maior obstáculo está na formação e valorização dos professores da disciplina

Foto: Reprodução/ Agência Brasil
Foto: Reprodução/ Agência Brasil

O ensino da matemática no Brasil enfrenta uma série de entraves estruturais, entre eles a formação deficiente dos professores, a escassez de materiais didáticos e a dificuldade em demonstrar aos estudantes a relevância prática da disciplina.

Para o matemático e diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, o maior obstáculo está justamente na formação e valorização dos profissionais que lecionam a disciplina. “A meu ver, a questão da formação e valorização do professor é o aspecto crítico, o verdadeiro nó da questão”, afirmou o matemático.

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Nesta semana, Marcelo se reuniu com professores dos projetos de Iniciação Científica do Matemática na rede de ensino do Espírito Santo. O encontro marca as comemorações do Dia Nacional da Matemática, celebrado em 6 de maio.

Segundo ele, embora existam iniciativas para melhorar esse cenário, os resultados ainda são irregulares. “A valorização do profissional, que também a pela criação de incentivos ao desempenho de qualidade, enfrenta desafios”, completou.

Um dos reflexos disso é a dificuldade de incorporar ao currículo escolar a matemática aplicada ao cotidiano, como o cálculo de juros e porcentagens.

Tem havido esforços pontuais nesse sentido, em algumas redes estaduais e municipais, por meio da introdução da educação financeira, mas a inércia ainda prevalece”, afirmou Viana.

A falta de domínio desses conceitos práticos pode ter impactos diretos na vida da população, como em situações de empréstimos com juros abusivos.

O professor também destacou o papel da tecnologia no processo de ensino. Segundo ele, ferramentas digitais podem ser aliadas importantes dos docentes, mas somente se houver preparo adequado. “É fundamental que o docente esteja habilitado a utilizar essa tecnologia, pois caso contrário ela será de pouca valia”, alertou.

Para tornar a matemática mais atrativa aos jovens, Viana aponta duas estratégias eficazes: as olimpíadas escolares e a valorização dos usos práticos da disciplina. “As olimpíadas de matemática fazem isso de forma bastante eficaz, apresentando a disciplina aos jovens pelo ângulo do desafio e do lúdico”, disse.

Já a conexão com o dia a dia pode ser um caminho para mostrar a importância da matemática de forma concreta.