Economia

'Imagem do BNDES está chamuscada', diz Claudio Frischtak

Questionado sobre como vê o BNDES novamente ampliando a participação nas concessões, ele respondeu que o financiamento é uma condição necessária

‘Imagem do BNDES está chamuscada’, diz Claudio Frischtak ‘Imagem do BNDES está chamuscada’, diz Claudio Frischtak ‘Imagem do BNDES está chamuscada’, diz Claudio Frischtak ‘Imagem do BNDES está chamuscada’, diz Claudio Frischtak
Segundo ele, a volta do BNDES como ajuda ao programa de concessões pode até funcionar, mas numa escala menor  Foto: Divulgação

São Paulo – Para Claudio Frischtak, da consultoria Inter.B, não há garantias de que as concessões vão decolar no País com a volta dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Questionado sobre como vê o BNDES novamente ampliando a participação nas concessões, ele respondeu que o financiamento é uma condição necessária.

“Sem dinheiro, não vai. Mas não é condição suficiente. O Brasil tem um conjunto grande de obstáculos nessa área já bem conhecidos: instabilidade regulatória, agências reguladoras fracas; os projetos têm deficiências”, afirmou Frischtak. “Houve, no ano ado, uma tentativa efetiva de melhorar a qualidade da política macroeconômica e também do ambiente regulatório, com a premissa de que o papel do BNDES poderia ser menor. Se o governo voltar atrás e priorizar a questão do crédito, será um erro”, avaliou.

De acordo com Frischtak, será um erro porque fica a ideia de que vai compensar os riscos macroeconômico, regulatório, de planejamento – todos conhecidos, segundo ele, – por subsídio ao investimento, via TJLP e FI-FGTS.

Segundo ele, a volta do BNDES como ajuda ao programa de concessões pode até funcionar, mas numa escala menor do que antes. “Hoje, há um prêmio de risco adicional, que não havia antes: o risco BNDES. Não estou nem julgando se o banco fez correto ou não, mas a verdade é que empresas que entraram nos leilões tomaram empréstimo-ponte com o banco e depois ficaram renegociando”, comentou. “Houve uma percepção de que, digamos assim, o BNDES voltou atrás. Você pode até dizer que o banco refez a avaliação porque a economia mudou e ele viu riscos que não tinha visto antes. Mas a imagem do banco saiu chamuscada”, opinou.

E continuou: “Também estamos vivendo tempos extraordinários. A política econômica sobrevive? O governo sobrevive? Tem muita incerteza no ar, tanto no Brasil quanto global. E mais: se o Tesouro tiver de fazer uma nova transferência para o BNDES garantir as concessões, o mercado vem abaixo. A percepção de risco do País explode. Espero que isso não aconteça.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.