Economia

Gestores veem meta como 'irreal', mas cobram nova âncora

Gestores veem meta como ‘irreal’, mas cobram nova âncora Gestores veem meta como ‘irreal’, mas cobram nova âncora Gestores veem meta como ‘irreal’, mas cobram nova âncora Gestores veem meta como ‘irreal’, mas cobram nova âncora

Em evento organizado nesta quarta, 15, pelo BTG Pactual, gestores de recursos defenderam a revisão da atual meta de inflação, classificada por eles como “irreal” e “errada” considerando a trajetória atual dos preços. Eles ressaltaram, porém, que o esforço principal do governo neste momento deveria ser a apresentação de uma nova âncora fiscal “crível” para substituir o modelo de teto de gastos.

Para este ano, a meta é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Para 2024 e 2025, o patamar estabelecido é de 3%. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ampliar esses limites, o que, na avaliação do governo, abriria espaço para o corte dos juros.

“A meta está errada, e não dá para persegui-la. Mas acho que a ordem dos fatores neste caso altera o produto. É mais importante definir primeiro a regra fiscal que vai substituir o teto de gastos”, disse André Jakurski, gestor da JGP.

Para o sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, o cenário inflacionário agravado nos últimos anos pela pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia dificultou o cumprimento da metas. “Se a gente tem uma reunião a cada ano no mês de junho para reavaliar as metas de inflação, por que isso é um dogma tão grande de corrigir?”

Xavier acrescentou que a pressão sobre juros não é consequência do sistema de inflação, mas das incertezas que cercam a pauta fiscal. “Ninguém tem coragem de chegar para o ministro (Fernando) Haddad (da Fazenda) e dizer: ‘Ministro, sabe qual o problema da meta de inflação? É porque as pessoas não têm confiança na execução fiscal que o senhor está propondo’.” Sentado na primeira fila do auditório, o próprio Haddad esperava o início do seu .

Outra referência no mercado de gestão de recursos, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, afirmou que a “discussão da meta é cabível, não é o fim do mundo e não implica perda de credibilidade”. “Eu acho que buscar uma meta irrealista não é uma coisa boa para o Brasil no atual momento em que a gente está.” Na sequência, ressaltou o papel de “um arcabouço fiscal crível”. “Os dois juntos vão nos jogar num lugar melhor do que a gente está hoje.”

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro, avaliou que o grande debate econômico neste momento não deveria ser a revisão das metas de inflação. “Se não tiver sinalização de controle fiscal, pode alterar meta e trocar presidente do BC 50 vezes”, declarou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.