A conta de luz vai ficar mais cara a partir deste mês, em todo o Brasil. O motivo é que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, nesta terça-feira (29), um reajuste de 52% na bandeira vermelha patamar 2.
A nova tarifa, prevista para ser aplicada neste mês e em julho, a de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Esse valor, no entanto, poderá ser ainda maior já em agosto e nos próximos meses, já que a agência irá rever os parâmetros para cálculo da bandeira.
A bandeira tarifária é um adicional cobrado na conta para cobrir o custo da geração de energia por termoelétricas, o que ocorre quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas está muito baixo. E é exatamente o que está acontecendo agora, já que o Brasil a pela maior seca dos últimos 91 anos.
“Estamos vivendo uma época de escassez de chuva, que contribuiu para que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas baixassem bastante. Isso limita a capacidade de produção de energia elétrica a partir de hidrelétricas. Com isso, estão sendo acionadas termoelétricas, para geração de energia elétrica”, explicou o engenheiro eletricista Pablo Muniz, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
“As termoelétricas não têm um combustível de origem renovável, que é o caso da água da chuva, nas hidrelétricas. São combustíveis geralmente fósseis. Esse combustíveis são caros, o que torna a produção de energia elétrica mais cara e reflete no aumento da tarifa”, completou.
No Espírito Santo, a questão hídrica é diferente e menos grave do que no restante do Brasil. A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) informou que, no estado, as vazões dos rios estão dentro do previsto para os meses mais secos do ano e que não há risco de desabastecimento.
Entretanto, como é de abrangência nacional, o aumento na conta de energia ignora isso e vale também para o Espírito Santo.
Pablo Muniz ressaltou, no entanto, que alguns cuidados simples do dia a dia são importantes para evitar que o aumento da tarifa de energia elétrica impacte significativamente no bolso do consumidor.
“Em casa a gente deve se policiar para não deixar lâmpadas acesas desnecessariamente. Na geladeira, que é um grande consumidor de energia elétrica também, devemos evitar colocar alimentos quentes na geladeira. Devemos esperar que o alimento se esfrie, salvo alguma recomendação técnica”, orientou.
“O chuveiro elétrico certamente é o maior vilão do consumo de energia elétrica na residência. Então banhos mais curtos, fechar o registro enquanto se ensaboa, o que também contribui para a redução do consumo de água. E a máquina de lavar roupa também é um grande consumidor de energia elétrica. O ideal é que a gente acumule uma quantidade de roupa para ligar a máquina, somente na capacidade máxima dela”, acrescentou.
Pronunciamento
Na segunda-feira (28), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez um pronunciamento em rede nacional, pedindo que as pessoas façam “uso consciente” de luz e água.
“Essas medidas são essenciais, mas, para aumentar nossa segurança energética, é fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo cidadão-consumidor, participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica. Com isso, conseguiremos minimizar os impactos no dia a dia da população”, afirmou.
Durante o pronunciamento, o ministro afirmou também que é natural que os brasileiros tenham preocupação com a possibilidade de um racionamento, como aconteceu em 2001.
Bento Albuquerque reiterou que o governo federal está atento e afirmou que o sistema elétrico brasileiro evoluiu nos últimos anos, o que traz “garantia do fornecimento de energia elétrica aos brasileiros.”
Definição da tarifa
Uma reunião extraordinária foi convocada para esta terça-feira (29), para discutir a proposta de uma abertura de consulta pública para definição da nova tarifa.
Isso porque, mesmo com o reajuste aprovado nesta terça, há 46% de chances de faltar recursos para cobrir os custos da contratação de térmicas para manter o abastecimento no País.
O reajuste aprovado pela Aneel nesta terça está acima do que era previsto inicialmente em março, de 21%, mas contraria os cálculos da área técnica da agência reguladora.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, os técnicos calcularam que o novo patamar da bandeira vermelha nível 2 deveria subir para algo entre R$ 11,50 e R$ 12,00 a cada 100 kWh.
Por conta da crise hídrica que o País enfrenta, os técnicos da Aneel estimam que a bandeira vermelha em seu segundo patamar, o mais caro do sistema de bandeiras, deverá ser acionada, pelo menos, até novembro.
O Ministério de Minas e Energia calcula que o uso de térmicas deve gerar um custo adicional de R$ 8,99 bilhões neste ano.
Com informações do repórter Álvaro Zanotti, da TV Vitória/Record TV, e do Estadão Conteúdo