Economia

Em três anos, capixaba precisou trabalhar mais 30 horas para comprar cesta básica

De 2019 para cá, o valor do salário mínimo subiu apenas 21,44%, enquanto o preço dos alimentos básicos teve uma alta de 60,7%, segundo o Dieese

Em três anos, capixaba precisou trabalhar mais 30 horas para comprar cesta básica Em três anos, capixaba precisou trabalhar mais 30 horas para comprar cesta básica Em três anos, capixaba precisou trabalhar mais 30 horas para comprar cesta básica Em três anos, capixaba precisou trabalhar mais 30 horas para comprar cesta básica
Foto: Folha Vitória

Com o aumento recorrente no preço dos alimentos, o tempo de trabalho para se comprar uma cesta básica no Espírito Santo aumentou quase 30 horas nos últimos três anos. Isso equivale a quase quatro dias de trabalho a mais, considerando a jornada de oito horas. Ao longo do mês, são necessários 15 dias de trabalho a mais para adquirir a cesta.

A constatação é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que levou em consideração o trabalhador que recebe um salário mínimo, que hoje está em R$ 1.212.

A sensação de que, com o mesmo valor, compra-se cada vez menos é uma realidade, e o motivo está na inflação. O salário mínimo avançou 21,44% desde 2019, ando de R$ 998 para os atuais R$ 1.212.

Entretanto, o percentual de aumento do piso salarial do trabalhador brasileiro não acompanhou, nem de perto, o crescimento do preço dos alimentos da cesta básica. Dessa forma, é necessário mais horas de trabalho para adquirir os mesmos produtos.

Segundo o Dieese, a cesta com os itens básicos para o consumo das famílias saltou 60,7% nos últimos três anos, de R$ 424,21 para R$ 682,54. A variação para a compra dos mesmos bens exige 123 horas e 53 minutos de trabalho para quem recebe o salário mínimo. Em janeiro de 2019, eram necessárias 93 horas e 31 minutos.

Conforme os números coletados pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese, o salário mínimo, em relação à cesta básica mais cara, encontrada em São Paulo, deveria ser de R$ 6.012,18 para manter uma família de quatro pessoas. O valor é quase cinco vezes (396%) maior do que o piso atual.

“O preço dos produtos aumentou muito mais do que o aumento do salário do trabalhador. E aí, no final das contas, a gente vê um descasamento entre o quanto a pessoa ganha e quanto o custo de vida dela mudou. E isso implica em um menor poder de compra ou o trabalhador tendo que procurar outras alternativas de renda, para poder completar o orçamento”, destacou o economista Pedro Lang.

Cenoura e tomate entre os ‘vilões’ da inflação

Nesta sexta-feira (25), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação oficial de preços no Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) avançou 0,95% em março, a maior alta para o mês desde 2015.

Foto: Reprodução/ Pixabay/ Jackmac34
Preço da cenoura teve uma variação de 45,65%, segundo o IBGE

O aumento do preço dos alimentos representou 1,95% do índice, com destaque para a cenoura (45,65%), o tomate (15,46%) e as frutas (6,34%).

“A gente vem, nos últimos 15 ou 20 meses, com os preços dos alimentos subindo bastante, com a inflação subindo bastante. Agora, mais recentemente, o preço do petróleo subiu bastante. E aí a gasolina sobe, a energia sobe”, citou Pedro Lang.

“De certa maneira, era esperado. A gente espera que esse número seja um pouco menor até o final do ano. Não é uma inflação de 10%, como a gente experimentou no ano ado, mas deve ser um nível acima de 5% para o ano todo”, completou.

Com o resultado anunciado pelo IBGE, o IPCA-15 no Brasil acumulou um aumento de 2,54% no ano até março. 

O resultado do IPCA-15 de março fez a taxa acumulada em 12 meses ar de 10,76% em fevereiro para 10,79%. Este foi o resultado mais elevado desde fevereiro de 2016, quando a taxa foi de 10,84%.

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Com informações da repórter Luana Damasceno, da TV Vitória/Record TV