Economia

Discussão sobre reforma da Previdência não poderá ser evitada, diz Guardia

Discussão sobre reforma da Previdência não poderá ser evitada, diz Guardia Discussão sobre reforma da Previdência não poderá ser evitada, diz Guardia Discussão sobre reforma da Previdência não poderá ser evitada, diz Guardia Discussão sobre reforma da Previdência não poderá ser evitada, diz Guardia

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse nesta quarta-feira, 11, que a reforma da Previdência foi o projeto mais ambicioso e relevante apresentado pelo governo Temer e defendeu a continuidade das discussões sobre as mudanças nas aposentadorias. “Mesmo sem sua aprovação, a discussão consolidou a percepção de que essa reforma é imprescindível. A discussão sobre a reforma da Previdência não poderá ser evitada”, afirmou, durante o primeiro discurso como ministro.

Ele iniciou sua fala criticando as ações do governo anterior. “A crise levou ao inaceitável número de 14 milhões de desempregados. A deterioração fiscal sem precedentes levou ao crescimento insustentável da dívida pública e erodiu a confiança na economia brasileira”, avaliou.

Guardia voltou a criticar as desonerações feitas no governo ado que, segundo ele, desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e levou à atual crise nas contas públicas. “A excessiva concessão de incentivos fiscais não teria ocorrido se houvesse respeito à LRF”, enfatizou.

O novo ministro destacou a aprovação do Teto de Gastos no fim de 2016 pelo atual governo. Segundo ele, a medida fará com que o País tenha um patamar de gastos semelhante ao observado em 2001. “O governo Temer atacou essa questão mirando o cerne, que era o gasto. O Teto é importante mudança de paradigma fiscal que levará à redução no gasto de 0,5% do PIB por ano”, acrescentou.

Segundo ele, a estratégia de ajuste gradual partiu da percepção de que não era possível elevar impostos no País. “O tamanho da carga tributária já é demasiado elevado comparado a outros países de renda semelhante”, explicou.

Para o ministro, a política fiscal do governo ado não gerou melhora na prestação de serviços à população . “A partir de agora, o setor privado terá maior participação na economia. Precisamos atrair investimentos privados para eliminar gargalos e assegurar o crescimento”, enfatizou.

Na avaliação de Guardia, o amplo conjunto de reformas propostas pelo atual governo teria sido compreendido pela sociedade, dada a completa reversão das expectativas com relação ao futuro.

Ele creditou o retorno da confiança também ao trabalho do Banco Central, que reduziu a inflação e trouxe a Selic para 6,50% ao ano, no menor nível já registrado. “A consistência da política econômica foi compreendida e se traduziu em retomada do crescimento”, repetiu.

Guardia garantiu ainda que a equipe do ministério continuará trabalhando com coesão e dedicação e prometeu entregar em dezembro um país melhor do que o recebido pelo atual governo em maio de 2016. “Não estamos falando de medidas artificiais e temporárias, mas sim de ganhos de produtividade. Esse é o legado do ex-ministro Henrique Meirelles”, acrescentou, após também agradecer a confiança dada a ele pelo presidente Michel Temer.

Regra de ouro

O ministro da Fazenda defendeu a convergência das diretrizes fiscais previstas no teto de gastos e na chamada “regra de ouro” do Orçamento, que impede a emissão de títulos da dívida para pagar despesas correntes. Segundo ele, é possível usar as medidas corretivas previstas em caso de desrespeito ao limite de despesas para momentos em que a regra de ouro também fica sob risco de descumprimento.

Para este ano, o desequilíbrio superior a R$ 200 bilhões na regra de ouro deve ser equacionado devido à devolução de recursos pelo BNDES, ao cancelamento de restos a pagar (despesas de despesas anteriores) e outras medidas como a desvinculação de superávits financeiros de anos anteriores. Mas para o ano que vem há novo rombo próximo a R$ 200 bilhões ainda sem solução.

“Sabemos que existe desequilíbrio estrutural entre receitas e despesas da União, que leva ao endividamento para financiar gastos correntes. É grave, é endividamento não para investimentos”, afirmou Guardia.

“Acreditamos ser importante aperfeiçoar a regra para frente. Entendemos que seria importante criar convergência entre regra de ouro e teto de gastos. As medidas autocorretivas do teto de gastos foram aprovadas pela sociedade e representam uma boa saída. Nada mais natural que regra de ouro use mesmo mecanismos do teto de gastos”, disse o ministro empossado.

Reforma tributária

Guardia afirmou também que o governo trabalha na reforma tributária que é possível fazer no momento, que é a simplificação do PIS/Cofins. Segundo ele, essa é uma das prioridades da equipe econômica e o texto será encaminhado ao Congresso Nacional, embora ele não tenha dado prazo para isso. “Todos desejamos uma reforma tributária ampla, mas é preciso ter clareza sobre o que dá para fazer neste momento”, disse.

O ministro lembrou que hoje 85% dos litígios no Carf, última instância istrativa para questionar cobranças tributárias, dizem respeito a esses dois tributos: PIS e Cofins.

Uma das mudanças que deve ser feita, segundo Guardia, é a transformação dos créditos de PIS/Cofins em créditos financeiros. O ministro evitou, porém, tratar dos detalhes da proposta em seu discurso de posse.

O ministro afirmou ainda que a Fazenda já iniciou os debates com secretários de Fazenda para alterar a Lei Complementar 87, que trata do ICMS. Essa é a estratégia adotada diante da impossibilidade de alterar a Constituição, diante da intervenção na segurança do Rio de Janeiro