Economia

Credores do governo do Rio reivindicam parte da outorga da Cedae

Credores do governo do Rio reivindicam parte da outorga da Cedae Credores do governo do Rio reivindicam parte da outorga da Cedae Credores do governo do Rio reivindicam parte da outorga da Cedae Credores do governo do Rio reivindicam parte da outorga da Cedae

Um grupo de fornecedores da prefeitura e do Estado do Rio de Janeiro, liderados por empresas do setor da construção civil, reivindica parte da outorga da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Eles argumentam que, por causa da crise fiscal, as istrações deixaram de fazer uma série de pagamentos nos últimos anos por falta de dinheiro e agora que terão recursos em caixa precisam honrar os compromissos ados.

Os lances dados na semana ada pelos lotes da Cedae vão render aos governos R$ 22,6 bilhões. Cerca de R$ 14 bilhões vão para o Estado, R$ 8 bilhões para as prefeituras envolvidas e o restante para o fundo metropolitano.

“Antes eles não tinham dinheiro e não podiam pagar. Agora com a venda da Cedae, o caminho natural seria pagar o que devem”, diz o presidente da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ), Alfredo Schwartz.

Ele afirma que, no caso do setor, são obras empenhada, obras feitas e não pagas. Recentemente, afirmou o executivo, a prefeitura praticamente cancelou entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões de restos a pagar. “O prefeito publicou decreto em que definiu que os valores que não fossem liquidados até março seriam extintos. Mas deixou uma brecha dizendo que poderia haver uma auditoria para fazer o pagamento. Só que isso não vai ocorrer.”

A associação fez uma denúncia no Tribunal de Contas do Município (TCM), com pedido de tutela provisória, alegando irregularidade na decisão do prefeito do Rio, Eduardo Paes. O tribunal pediu esclarecimentos e aguarda posição da istração atual, que pediu mais tempo para responder aos questionamentos. Procurada, a prefeitura não respondeu ao pedido de entrevista.

Schwartz diz que o problema também afeta os pagamentos do Estado do Rio, que cancelou R$ 3,3 bilhões em restos a pagar. No relatório do quinto bimestre de 2020, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já havia feito alerta sobre um cancelamento de R$ 741 milhões. “Cabe destacar que o cancelamento de restos a pagar de despesas já liquidadas sem as devidas justificativas contraria as normas gerais de contabilidade pública e de transparência”, afirmou o tribunal, no relatório.

Em nota, o governo do Rio afirmou que “o cancelamento ocorreu por conta da prescrição”, o que também gerou uma série de questionamentos. O professor titular de direito financeiro da Universidade de São Paulo, Fernando Facury Scaff, diz que esse tipo de medida é um desrespeito aos credores. “Restos a pagar é aquele montante que não foi pago em um ano, mas que terá de ser pago no ano seguinte por que as empresas forneceram bens e serviços.”

Na avaliação dele, a ideia de prescrição não atinge esse tipo de situação. A questão é que as empresas ficam numa situação delicada, pois se entram na Justiça para tentar receber, correm o risco de o montante virar precatório. “Isso se torna fonte de dois problemas. Um é que quem vai fornecer algum serviço para o Rio acaba cobrando mais por causa do risco de não receber. Além disso, esse tipo de postura da margem a corrupção.”