Economia

Consumo de energia tem maior queda em 10 anos, segundo levantamento

Brasileiros reduziram em 1,9% o consumo de eletricidade nas residências em setembro em comparação ao mesmo mês de 2014

Consumo de energia tem maior queda em 10 anos, segundo levantamento Consumo de energia tem maior queda em 10 anos, segundo levantamento Consumo de energia tem maior queda em 10 anos, segundo levantamento Consumo de energia tem maior queda em 10 anos, segundo levantamento
Na indústria, a região que registrou a maior queda foi a Nordeste: 11% no trimestre Foto: Divulgação

Após uma alta de cerca de 50% nas tarifas de energia elétrica neste ano, o consumo médio doméstico registrou, em setembro, a maior queda em dez anos, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No último mês, a carga média consumida recuou 1,9% na comparação com o mesmo mês de 2014, para um patamar de 163 KW/h por mês. Até setembro, o consumo de energia elétrica geral no País caiu 2% em relação ao mesmo período do ano ado.

A redução no consumo doméstico é crescente a partir do segundo trimestre, após o pico de demanda no início do ano por causa do calor. Entre abril e junho, houve queda de 0,7%. Já no trimestre encerrado em setembro, a queda chegou a 2,7% na comparação com o mesmo período de 2014. “O agravamento das condições de emprego e renda, e do crédito mais , conjugados ao reajuste elevado das tarifas de energia elétrica têm contribuído para o recuo do consumo de energia”, informou o boletim da EPE.

Freezer desligado

Símbolo do racionamento de energia em 2001, o freezer voltou a ser alvo de cortes nas residências. “Não lembrava o quanto ele consumia de energia, agora penso em me desfazer dele”, conta Fátima Cerolim, de 56 anos. Desde novembro, quando o eletrodoméstico foi desligado, o consumo em sua casa caiu de uma média de 250 kw/h para cerca de 100 kw/h. “Também evito usar a máquina de lavar roupas e deixar lâmpadas acesas”, comentou Fátima, sobre os novos hábitos de consumo após as altas nas tarifas.

Também o ar-condicionado se tornou vilão, segundo Ricardo Savoia, diretor da consultoria Thymos. “Nos últimos anos, houve um maior volume de vendas, principalmente nas classes mais baixas. Com aumento de desemprego e o peso das tarifas no orçamento, aquele conforto que existia deixa de existir.”
Para Savoia, a situação deve aliviar o déficit de energia esperado para o período crítico de consumo, entre janeiro e fevereiro, afastando o risco de racionamento. Ainda assim, não há perspectiva para o consumidor residencial de que o governo possa revogar a bandeira vermelha, que encarece as tarifas em função do acionamento das usinas termoelétricas para complementar a demanda de energia.

“A bandeira não foi suficiente para pagar o custo das geradoras, pois foi calculada a partir de um mercado consumidor projetado acima do que de fato ocorreu. Não há expectativa de redução até o primeiro trimestre do próximo ano”, calcula Savoia.

A EPE também indica que, somente no terceiro trimestre, o recuo do consumo total chegou a 2,7% em relação ao mesmo período do ano ado.
Em queda desde 2013, o consumo da indústria recuou 5,3% no trimestre. No Nordeste, o recuo superou 11% no período. As indústrias automotiva e siderúrgica foram as que mais reduziram o consumo, entre 14,2% e 11,7%. O resultado é reflexo do “fraco desempenho generalizado, sem sinais de melhorias sustentadas no curto prazo” da indústria, segundo a EPE.