Economia

Bordeaux oferece muito mais do que vinhos de qualidade

Para quem gosta de vinho, certamente já é um destino de interesse, mas a cidade merece ser conhecida por quem não bebe; leia artigo da capixaba e empresária do ramo de enoturismo

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Foto: Carol Santos/Acervo pessoal

*Artigo escrito por Carol Santos, capixaba e empresária do ramo do enoturismo em Portugal. 

Se você ainda não conhece Bordeaux – ou Bordéus, como se fala em Portugal –, coloque na sua lista de lugares para conhecer. Para quem gosta de vinhos, certamente já é um destino de interesse, mas a cidade também merece ser conhecida por quem não bebe uma taça de vinho com frequência.

A verdade é que eu, amante de vinho e história, fiquei simplesmente apaixonada pela cidade. Para quem já conhece Paris, Bordeaux é uma cidade geograficamente parecida (prédios da mesma cor, da mesma altura, praças, cortada pelo rio Garona), mas com menos caos, menos trânsito e mais simpatia pelas ruas.

Para os amantes de vinhos, em especial, vale visitar a Cité du Vin e o Bar à Vin. A Cité du Vin, ou Cidade do Vinho, é um espaço dedicado exclusivamente ao vinho: há workshops, um museu dedicado a explicar desde os terroirs à sensações olfativas, com informações da origem do vinho até as castas (tipos de uvas) mais conhecidas.

O Bar à Vin, por sua vez, além do bonito ambiente, é o lugar onde se pode conhecer diversos vinhos de Bordeaux, com “vinhos à copo” que percorrem todas as sub-regiões e com uma carta alterada periodicamente (a cada 3 dias, em regra).

Foto: AL Consultoria

Carol Santos é empresária do enoturismo

Saindo um pouco da cidade em si, Bordeaux possui sub-regiões vínicas muito específicas: Médoc, Graves e Sauternes, Libournais (Saint-Emilion, Pomerol, Fronsac), Entre Deux Mers e Blaye et Bourg. A verdade é que, dentro de cada uma destas, há ainda outras pequenas e charmosas regiões.

De todas estas, eamos por Médoc, Graves, Sauternes, Saint-Emilion e Pomerol. Saint-Emillion, além dos Châteaux, possui um centro histórico/comercial muito aconchegante e que merece umas horas por lá; inclusive, é um bom local para o almoço ou mesmo para sentar com um copo de vinho e ver a vida ar.

Diversamente de Portugal, na França as denominações de origem controlada – que em francês são “AOC”, não consideram apenas a região, mas em muitas situações a própria vinha (ou linha da vinha). 

Além disso, as regiões são identificadas pelas uvas que são plantadas – não é itido o plantio de uma uva diferente daquela que é a identidade da região.

Por isso, em Bordeaux especificamente, todos os vinhos serão feitos com as uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sémillion, Sauvignon Blanc ou Muscadelle (a depender do vinho e da sub-região). 

Contrariamente, em Portugal, não há a especificidade de se produzir no Alentejo ou no Douro, por exemplo, um vinho com castas previamente determinadas.

Os vinhos de Saint-Emilion são feitos majoritariamente com Cabernet Franc, enquanto nos Graves, com Cabernet Sauvignon. É por esta razão que nos rótulos dos vinhos ses não encontramos as uvas que formaram o vinho – é considerado como “óbvio” para os ses que se está escrita a região (ou sub-região) já se sabe qual uva está na garrafa.

Um dos vinhos mais caros do mundo é feito em Bordeaux, em Pomerol: o Petrus, um vinho tinto feito com Merlot.

Além deste verdadeiro ícone do mundo de Baco, Bordeaux possui uma outra sub-região muito interessante: Sauternes. Produtora de vinhos brancos e doces, em Sauternes há outro vinho bem caro: o Château d’Yquem. 

Além deste Châteaux, outros tantos produzem os vinhos de cor dourada e feito com “uvas podres” – uvas que somente são colhidas depois que o fungo botrytis age na uva e retira boa parte da polpa, deixando o açúcar muito mais acentuado.

Quem gosta do vinho do Porto com certeza gostará do Sauternes. O sabor doce é muito parecido, mas o vinho do Porto possui alto teor alcoólico, enquanto o Sauternes tem a volta de 13% de álcool. Além desta diferença, é interessante dizer que, para o vinho do Porto ter um grau maior de açúcar, a fermentação é interrompida com a adição de aguardente, enquanto no Sauternes a fermentação é interrompida com a diminuição da temperatura de onde o vinho se encontra.

Bordeaux é uma cidade – e região – muito interessante, bonita e acolhedora. Embora a menção tenha sido feita de vinhos muito caros, a verdade é que é possível beber um vinho da região com preços a partir de 5 (cinco) euros. 

O melhor de tudo isso é viver a experiência de beber um vinho de Bordeaux, às margens do rio Garona, e com a tranquilidade das boas férias que merecemos.

Erika Santos, editora-executiva do Folha Vitória
Erika Santos

Editora-executiva

Jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa.

Jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa.