Curiosidades

O que leva alguém a comer a fruta vômito e por que ela é tão valorizada

Descubra por que a fruta vômito, apesar do gosto ruim, é valorizada por suas propriedades medicinais e tradição milenar.

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noni, fruta vômito
Imagem criada com IA

Poucas frutas provocam tanta controvérsia quanto o noni. Conhecida popularmente como fruta vômito por causa de seu odor extremamente desagradável — comparável a queijo mofado ou alimento estragado — ela é, ao mesmo tempo, desprezada e valorizada em diferentes partes do mundo. A pergunta que fica é: por que alguém colocaria algo assim na boca? A resposta envolve tradição, saúde e até fé.

Fruta vômito: um nome que causa espanto

A fruta conhecida como noni, ou Morinda citrifolia, é nativa do sudeste asiático e de regiões tropicais como Polinésia, Indonésia e Índia. O apelido “fruta vômito” surgiu por causa de seu cheiro forte e sabor extremamente amargo. Quando madura, ela emite um odor que lembra alimentos fermentados em decomposição — o que afasta os desavisados. Mesmo assim, é consumida por milhões de pessoas, principalmente na forma de sucos e extratos medicinais.

Apesar do nome curioso, sua aparência é até agradável: verde clara com pequenos pontos, textura semelhante à da jaca, e tamanho entre 5 e 15 cm. O choque sensorial, no entanto, começa ao apertar ou cortar a fruta madura: o cheiro invade o ambiente e o gosto — ácido, amargo e intenso — é considerado intragável por muitos.

Valor nutricional e compostos bioativos da fruta vômito

A razão pela qual tantas culturas consomem a fruta vômito está em seu poder nutricional. Ela é rica em antioxidantes, alcaloides, flavonoides, vitamina C, vitamina E e minerais como potássio, ferro e magnésio. Além disso, diversos estudos identificaram compostos com potencial anti-inflamatório, antibacteriano, antifúngico e analgésico.

O noni também contém escopoletina, um composto que tem sido associado à regulação da pressão arterial e fortalecimento do sistema imunológico. Outro fator importante é a presença de damnacantal, um fitoquímico com possível ação anticancerígena, embora esse uso ainda esteja em fase de pesquisa.

Por que as pessoas consomem mesmo com gosto ruim?

Em muitas culturas tradicionais, o paladar não é o fator principal na escolha de alimentos. O noni é valorizado por suas propriedades medicinais, e seu consumo está fortemente associado à cura e prevenção de doenças. Em regiões da Polinésia, por exemplo, a fruta é considerada sagrada e usada em rituais de cura há séculos.

Pessoas que consomem o noni geralmente o fazem na forma de suco fermentado, cápsulas ou extratos, o que minimiza o impacto do gosto. Também é comum misturá-lo com outras frutas para suavizar o sabor. Para muitos, o efeito terapêutico compensa o desconforto do paladar.

A força do marketing e o boom da fruta vômito

Nos anos 1990 e 2000, o noni ganhou fama mundial por meio do marketing agressivo de empresas que venderam o suco como remédio milagroso. Foi promovido como solução para câncer, diabetes, depressão, dores crônicas e até envelhecimento precoce. A promessa de cura rápida e natural fez com que o suco de noni se espalhasse pela Europa, América do Norte e América do Sul — muitas vezes com preços altíssimos.

Apesar da falta de comprovação científica para muitos desses benefícios, o noni se consolidou como um superalimento alternativo. A fama gerou uma indústria bilionária de suplementos e bebidas, e muitos consumidores aram a tolerar o cheiro e o gosto em nome da saúde.

Riscos e controvérsias

Embora a fruta vômito tenha defensores fervorosos, também existem alertas importantes. Alguns estudos indicam que o consumo excessivo de suco de noni pode afetar o fígado e os rins, especialmente em pessoas com predisposição a problemas hepáticos. Por isso, é essencial que o consumo seja moderado e, preferencialmente, acompanhado por orientação médica ou nutricional.

Além disso, é preciso diferenciar o uso tradicional do uso comercial. Nas culturas indígenas, o noni é usado com parcimônia, geralmente como parte de rituais ou tratamentos específicos. Já na indústria, ele pode ser consumido diariamente em altas doses, o que pode levar a efeitos adversos.

A dualidade da fruta: entre o asco e o respeito

O caso da fruta vômito nos convida a refletir sobre a diversidade de culturas alimentares e o que estamos dispostos a tolerar em nome da saúde. Se na cultura ocidental o gosto costuma ser o critério número um, em outras regiões do mundo, o valor terapêutico e espiritual supera qualquer barreira sensorial.

É interessante notar que muitos alimentos hoje considerados sofisticados também têm sabores e odores desafiadores. Queijos azuis, kimchi coreano, natto japonês e até o durian — outro fruto conhecido pelo cheiro forte — provocam reações semelhantes ao noni. Com o tempo e o costume, aquilo que era intragável pode até se tornar desejável.

Curiosidade: como a fruta vômito é preparada tradicionalmente?

Na Polinésia, o noni é colhido ainda verde e deixado para fermentar por semanas em jarras de vidro. Após esse processo, ele se transforma em um líquido escuro, concentrado e extremamente potente. Esse extrato é ingerido em pequenas quantidades — geralmente uma colher por dia — como forma de fortalecer o corpo e prevenir doenças.

Em outras regiões, como no Havaí, ele também é usado como cataplasma para tratar feridas externas ou dores musculares, reforçando sua fama de planta medicinal completa.

A fruta que divide opiniões, mas une tradições

A fruta vômito é um exemplo claro de como o conhecimento ancestral e o interesse moderno por saúde natural se encontram. Apesar do cheiro forte e do gosto desagradável, ela continua sendo consumida por aqueles que acreditam em seu potencial terapêutico — com ou sem respaldo da ciência.

Talvez o verdadeiro segredo do noni não esteja em seus compostos químicos, mas na relação que cada cultura estabelece com ele. Para alguns, é apenas uma fruta fedida. Para outros, é uma dádiva da natureza.

Fabiano Souza

CEO da G4 Comunicação e Marketing, apaixonado por Carros e Internet, antenado nos assuntos da Web e criador de conteúdo vertical para sites de notícias locais.

CEO da G4 Comunicação e Marketing, apaixonado por Carros e Internet, antenado nos assuntos da Web e criador de conteúdo vertical para sites de notícias locais.