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Walter Salles capta essência de Kerouac em Na Estrada, inspirado no mítico livro

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Viagens no tempo e no espaço sempre deram o tom no cinema de Walter Salles. Em 2004, ele concorreu em Cannes com Diários de Motocicleta. Quentin Tarantino presidia o júri. Outorgou a Palma de Ouro para o Michael Moore de Fahrenheit 11 de Setembro, tentando influenciar na rejeição a George W. Bush, que concorria à reeleição.

Fahrenheit não era o melhor coisa nenhuma. Na coletiva do júri, após a premiação, Tarantino foi inquirido sobre Diários. Não tinha nada a dizer. O filme não havia sensibilizado seu júri. Francis Ford Coppola teve outra ideia. Ele havia comprado, em 1979, os direitos de Na Estrada/On the Road, o livro mítico de Jack Kerouac. Nunca encontrou a forma de narrar aquela história. Ao ver Diários de Motocicleta, achou que Salles seria o cara certo. Salles fez o filme em 2012. Por mérito próprio, ou pelo atrativo do nome “Coppola”, reuniu um elenco que hoje é cultuado – Garrett Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Amy Adams, Elizabeth Moss, etc.

Assim como o Che e seu amigo Alberto Granado se lançaram numa viagem de iniciação, de moto, pela América Latina, Jack Kerouac e Neal Cassady atravessaram os EUA de carro. No livro, chamam-se Sal Paradise e Dean Moriarty, mas não há dúvida. Numa carta, o próprio Kerouac escreveu: “O livro é sobre nós e a estrada”. Essa visão “intestina” da América fortaleceu em ambos o desgosto por um certo estilo de vida norte-americano. Buscavam uma liberdade radical.

Após a morte do pai, Sal cai na estrada com o amigo Dean, que já esteve preso.

Dean é fascinado pela obsessão de Sal de se tornar escritor. Sal identifica no outro o próprio desejo de cortar as amarras e deixar-se levar. Viajam com a mulher de Dean, Marylou. Sexo, álcool, drogas. A viagem os leva à casa do Velho Bull Lee, que não é outro senão William S. Burroughs, escritor que virou lenda como contestador da arte tradicional e dos valores sociais da ‘América’, sucesso e dinheiro. O grande desafio de Salles e seu roteirista, José Rivera, foi transformar o fluxo de consciência da escrita de Kerouac em cinema. Muitos filmes de Salles têm crescido na revisão – Terra Estrangeira é um belo exemplo. On the Road está a exigir essa chance. O charme de Hedlund, como Dean, é devastador. É a alma do filme.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.