Geral

Em SP, ninguém resgata patinete apreendido

Em SP, ninguém resgata patinete apreendido Em SP, ninguém resgata patinete apreendido Em SP, ninguém resgata patinete apreendido Em SP, ninguém resgata patinete apreendido

Nenhuma multa por regra de trânsito, quatro operadores credenciados e mais de mil patinetes elétricos que continuam apreendidos, à espera que as empresas paguem cerca de R$ 874,7 mil para devolução. Este é o balanço do primeiro mês de fiscalização desde que o prefeito Bruno Covas (PSDB) assinou, em maio, decreto com a regulamentação provisória do transporte compartilhado em São Paulo.

Segundo a Prefeitura, foram recolhidos das ruas da capital 1.067 patinetes elétricos desde o dia 29 de maio – todos da Grow, holding dos patinetes Grin e Yellow. As apreensões aconteceram logo na primeira semana de fiscalização, quando a empresa não havia concordado em se credenciar para operar na cidade e travava uma queda de braço com a gestão Covas.

Para fazer as apreensões, a Prefeitura se valeu de norma que prevê remoção de objetos depositados em espaços públicos sem autorização municipal. Um mês depois, porém, os equipamentos seguem encalhados em pátios das subprefeituras: 45 na Sé, no centro, e 1.022 em Pinheiros, na zona oeste.

Para resgatá-los, a Grow teria de pagar multa de R$ 819,81 por unidade, segundo a Prefeitura. O valor é relativo ao recolhimento de Documento de Arrecadação do Município de São Paulo (Damsp) – aplicado, por exemplo, quando um cidadão descarta irregularmente um sofá na calçada.

A Secretaria das Prefeituras Regionais afirma que, após autuação, a empresa tem 30 dias para retirar os patinetes. Caso contrário, eles ariam a ser propriedade do Município, podendo, por exemplo, ser doados ou destruídos. Questionada, a empresa não informou o motivo de não ter solicitado a devolução. “Estamos em constante diálogo com os representantes da Prefeitura para encontrar a melhor solução para que as patinetes apreendidos possam ser recuperados e colocados a serviço da população”, afirma, em nota.

Em São Paulo, estima-se que a frota da Grow seja de 4 mil patinetes, embora a empresa não confirme o número oficialmente. Na semana ada, a operadora, considerada a principal na capital, chegou à marca de 10 milhões de corridas.

Orientação

A Grow só concordou em se credenciar na Prefeitura no dia 5 de junho, após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) conceder liminar decidindo que o uso de capacete deveria ser opcional – e não obrigatório, como previa o decreto de Covas. As regras provisórias também proibiam o tráfego em calçadas e previam multas de R$ 100 a R$ 20 mil.

Segundo o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, porém, não foi aplicada multa por mau uso de patinete porque a Prefeitura aguarda a regulamentação definitiva. Há perspectiva de novos valores para infrações.

“Por enquanto, efetuamos apreensão para valer e não estamos autuando para valer”, diz Caram. “A atuação tem sido mais orientativa, no sentido de pôr a segurança em primeiro lugar.” Além de patinetes Grin e Yellow, hoje também estão credenciadas as empresas FlipOn, Scoo e Lime. Esta última recebeu investimento da Uber e começou a operar semana ada, com equipamentos em Pinheiros, zona oeste, Vila Olímpia, Itaim, Brooklin e Vila Nova Conceição, na zona sul.

Na Faria Lima, um dos eixos mais movimentados da cidade, é comum encontrar usuários de patinete circulando sem capacete. “Já vi alguns acidentes e, se não tiver uma cobrança, a galera não usa”, afirma o engenheiro de software Paulo Ikeziri, de 28 anos, que diz ser favorável à obrigatoriedade do item.

Ikeziri costuma optar por bicicleta ou patinete elétrico sempre que faz um deslocamento de até 5 quilômetros, segundo conta. Ainda assim, ele afirma nunca ter visto fiscalização na cidade de São Paulo: “Nem para parar os usuários nem para orientar”.

Usuário de patinete, o publicitário Rafael Saboia, de 20 anos, também incorporou o transporte no dia a dia. “Tem sido uma experiência positiva, principalmente para pequenos deslocamentos porque o patinete acaba sendo mais rápido do que o trânsito”, afirma. “O problema é o preço do aluguel. Às vezes, fica igual ao Uber.”

Regras

Em discussão entre a Prefeitura e 11 empresas, as regras definitivas para uso de patinete elétrico devem sair até segunda-feira. Além das polêmicas do primeiro decreto, como a obrigatoriedade do uso de capacete e circulação em calçadas, as partes têm debatido a criação de um fundo para investir em ciclovias, e assim expandir a malha fora do centro, e em mais vagas públicas de estacionamento.

Segundo o secretário Edson Caram, a prioridade é conseguir levar o uso de patinete para a periferia, até com cobrança de tarifas de aluguel mais baratas. Hoje, a concentração se dá no eixo entre a Faria Lima e a Paulista.

No modelo pretendido pela Prefeitura, novas bases devem ser preferencialmente instaladas perto de estações do Metrô ou de terminais de ônibus. “A ideia é que o cidadão consiga fazer esse deslocamento de casa até o ponto do transporte público e, na volta, do ponto até a casa”, afirma ele. “O patinete veio para ajudar na micromobilidade, então não pode beneficiar só a classe mais centralizada.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.