Economia

Dados de fevereiro mostram indústria fraca, mas sinalizam alta de investimentos no PIB

Dados de fevereiro mostram indústria fraca, mas sinalizam alta de investimentos no PIB Dados de fevereiro mostram indústria fraca, mas sinalizam alta de investimentos no PIB Dados de fevereiro mostram indústria fraca, mas sinalizam alta de investimentos no PIB Dados de fevereiro mostram indústria fraca, mas sinalizam alta de investimentos no PIB

A queda da produção industrial em fevereiro, a segunda consecutiva, mostrou que a indústria continua fraca e deve pesar negativamente no crescimento da economia no primeiro trimestre. Mas não tirou o ânimo de economistas do mercado com o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 – inclusive devido a sinais de crescimento dos investimentos.

A produção industrial caiu 0,3% em fevereiro, na comparação com janeiro, contrariando a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de alta de 0,3%. Com o resultado, o carrego estatístico para o primeiro trimestre ficou negativo em 0,5% – o que significa que, se a indústria ficar parada (0,0%) em março, terá uma baixa desta magnitude no período.

Mas outros sinais foram recebidos menos negativamente. Em primeiro lugar, a queda da indústria ficou concentrada nas indústrias extrativas (-0,9%), que tiveram forte desempenho no fim do ano ado, enquanto a indústria de transformação ficou parada (0,0%). E os bens de capital, bastante correlacionados com os investimentos no PIB, avançaram 1,8%, depois de uma alta de 9,3% em janeiro.

O economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, deixou inalterada a projeção de crescimento do PIB no primeiro trimestre, de 0,4%, e em 2024, de 1,7%, após a divulgação dos números. Para o analista, está praticamente dado que a indústria terá um desempenho negativo no período, mas isso não invalida a expectativa de recuperação da economia nos próximos meses.

Ele menciona o crescimento da produção de bens de capital e de insumos típicos da construção civil – de 5,2% na comparação interanual – como fatores que corroboram a expectativa de algum crescimento da formação bruta de capital fixo (FBCF). Ao mesmo tempo, a redução da taxa Selic e o mercado de trabalho ainda forte vão contribuir para a economia, ele diz.

“O ponto é que a FBCF deve ser positiva, por causa dessa recuperação forte dos bens de capital em janeiro e fevereiro, e que a construção também está indo bem”, afirma. “Começando a aumentar um pouco o investimento, e com o consumo começando a reagir na margem, tem uma indicação de um PIB qualitativamente melhor.”

Avaliações similares aparecem nas declarações de outros analistas. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, citou o carrego estatístico positivo no primeiro trimestre para os bens de capital e bens de consumo duráveis – de 9,9% e 7,4%, nesta ordem – como evidência de que o PIB do ano deve ser forte. O tracking da casa para o primeiro trimestre continuou indicando expansão de 0,8% e a projeção para o ano foi mantida em 2,3%.

Em um relatório divulgado nesta manhã, o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato também apresentou ponderações similares. Nas contas dele, a produção de bens de capital já cresceu 11,3% em relação a dezembro, na série com ajuste sazonal, o que fortalece a expectativa de recuperação dos investimentos ao longo deste ano. “A nossa projeção para a FBCF de 2024, atualmente em 2%, tem viés altista”, afirma.

A XP manteve a expectativa de crescimento de 0,75% para o PIB do primeiro trimestre, com alta de 0,4% na indústria. Para o PIB total, a projeção é de crescimento de 2%.